Ficção científica de franquia que custou 2 bilhões de reais à Netflix e foi vista por 110 milhões de pessoas Divulgação / Netflix

Ficção científica de franquia que custou 2 bilhões de reais à Netflix e foi vista por 110 milhões de pessoas

O espaço infinito, palco de ambições desmedidas e de conflitos sem fim, torna-se o ambiente perfeito para explorar os limites da moralidade e da resistência. Zack Snyder, mestre em criar universos viscerais, resgata esse cenário com um vigor renovado em “Rebel Moon — Parte 1: A Menina do Fogo”. O filme, que já na versão convencional entregava intensidade, alcança um novo patamar com o corte do diretor. Combinando drama épico e ação estilizada, Snyder dá vida a uma ópera galáctica de caos e redenção, onde cada personagem carrega uma bagagem emocional profunda e marcante.

O roteiro, escrito em parceria com Shay Hatten e Kurt Johnstad, mergulha nas sombras da ganância e da opressão, revelando os efeitos devastadores de regimes autoritários. O assassinato do rei e da rainha, seguido pela ascensão de um novo Mundo-Mãe, marca o início de uma era de desespero e fome. No centro da narrativa, o tirano Balisarius assume o controle, enviando o implacável almirante Atticus Noble, interpretado com uma combinação de frieza e charme por Ed Skrein, para exterminar os focos de resistência.

Ao longo de 204 minutos, o filme explora as entranhas de um universo em colapso. Em Veldt, uma terra ainda não devastada, os camponeses se organizam sob a liderança do gigantesco Sindri, interpretado por Corey Stoll. A figura de Sindri, reminiscente de um ciclope grego, é ao mesmo tempo imponente e trágica, sendo rapidamente suplantada pelo calculista Noble, cujo exército bem treinado ameaça exterminar qualquer vestígio de rebeldia. A violência gráfica e os diálogos brutais, elementos típicos de Snyder, são intensificados no corte do diretor, onde batalhas sangrentas e tensões políticas convergem em um espetáculo visceral.

Mesmo com a brutalidade que permeia a trama, a narrativa encontra respiro em momentos de reflexão. Kora, vivida por Sofia Boutella, emerge como uma heroína relutante, carregando consigo a esperança de uma resistência unida. Sua jornada até Sharaan, lar do rei Levítica, é um dos pontos altos do filme, oferecendo uma pausa na ação para aprofundar a dinâmica emocional dos personagens. A busca por aliados revela não só as fraquezas do novo regime, mas também as fraturas internas daqueles que ousam enfrentá-lo.

Snyder não se contenta em oferecer respostas fáceis. O diretor prefere deixar pistas, sugerindo que as soluções para os dilemas de sua distopia estão além do alcance imediato. Em vez disso, ele se concentra na construção de um mundo que reflete os perigos do neofascismo e a luta contínua contra a opressão. A estética sombria e a cinematografia detalhista não apenas servem à narrativa, mas elevam o filme a um nível de imersão raramente visto no gênero.

O corte do diretor de “Rebel Moon — Parte 1: A Menina do Fogo” é mais do que uma extensão do filme original; é uma reformulação que aprofunda a experiência. Cada minuto adicional reforça a atmosfera de tensão e perigo, ao mesmo tempo que amplifica o impacto emocional. Snyder equilibra habilmente cenas de ação explosiva com momentos de introspecção, garantindo que o público permaneça envolvido do início ao fim. Este épico espacial, em toda sua complexidade, é um lembrete poderoso das consequências da tirania e da resiliência inata dos que ousam resistir.

Filme: Rebel Moon — Parte 1: Corte do Diretor
Diretor: Zack Snyder
Ano: 2023
Gênero: Ação/Fantasia
Avaliaçao: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★