Baseado no livro de Fernando Morais, “Os Últimos Soldados da Guerra Fria”, “Wasp Network: Rede de Espiões” estreou em 2019 sob a direção de Olivier Assayas, gerando controvérsia imediata, especialmente entre a comunidade cubana de Miami. Com um elenco estrelado por Penélope Cruz, Edgar Ramírez, Wagner Moura, Ana de Armas e Gael García Bernal, o longa explora a prisão de cinco espiões cubanos que integravam a Rede Vespa, uma operação secreta nos anos 1990 com a missão de desarticular as ações da organização anticastrista Irmãos ao Resgate.
Os Irmãos ao Resgate, conhecidos por auxiliar refugiados cubanos, também eram responsáveis por ataques terroristas em Havana. Sob o pretexto de oferecer ajuda humanitária, a organização tinha como objetivo fomentar propaganda contra o regime de Fidel Castro e enfraquecer o governo cubano. A Rede Vespa infiltrou espiões no território norte-americano, disfarçados como desertores, para monitorar e frustrar essas operações.
A derrubada de dois aviões dos Irmãos ao Resgate, resultando na morte de quatro tripulantes, marcou um dos episódios mais dramáticos da operação. Posteriormente, cinco membros da Rede Vespa foram capturados pelos Estados Unidos e acusados de conspiração, espionagem e assassinato. Entre eles estavam René González (Ramírez), Juan Pablo Roque (Wagner Moura) e Gerardo Hernández (Gael García Bernal). O filme de Assayas busca explorar as consequências pessoais e familiares dessa missão, iluminando as complexas vidas dos espiões.
Contudo, o retrato dos agentes como heróis suscitou intensa controvérsia. Condenados a penas que variavam de 15 anos a duas prisões perpétuas, os cinco espiões foram libertados entre 2011 e 2017 após negociações diplomáticas que coincidiram com uma reaproximação histórica entre Estados Unidos e Cuba. Apesar de a Anistia Internacional, ganhadores do Nobel e figuras políticas terem defendido os agentes, a visão sobre eles permanece polarizada. Para uns, são símbolos de patriotismo; para outros, representaram os interesses de um regime que violou direitos humanos.
A repercussão polêmica acabou impulsionando o filme, capturando a atenção de uma nova geração que desconhecia os eventos que marcaram esse capítulo da história cubano-americana. Com indicações no Festival de Veneza e no César, e premiado no Deauville Film Festival, “Wasp Network” não apenas dramatiza uma intrincada trama de espionagem, mas também resgata uma narrativa histórica repleta de divisões ideológicas e dilemas morais.
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