O filme que ganhou o Oscar 2024 e superou as bilheterias de Barbie e Oppenheimer em sua estreia está na Netflix Divulgação / Sato Company

O filme que ganhou o Oscar 2024 e superou as bilheterias de Barbie e Oppenheimer em sua estreia está na Netflix

O monstro colossal de “Godzilla Minus One”  surge como uma metáfora poderosa para as feridas profundas deixadas por guerras e tragédias. Celebrando setenta anos de história, a icônica criatura criada por Ishirō Honda em 1954 mantém sua relevância em uma narrativa moderna, carregada de significados, que expõe tanto a fragilidade quanto a resistência de um país devastado. A história, dirigida por Takashi Yamazaki, leva o espectador de volta ao final da Segunda Guerra Mundial, onde um Japão esgotado enfrenta um novo e temível desafio com o retorno do predador vindo das profundezas do Pacífico.

O desenrolar do enredo acompanha o rastro de destruição deixado por Godzilla, evidenciando a incompetência e o desespero das autoridades locais, até que um protagonista improvável decide confrontar a criatura em meio ao caos. Essa figura é Koichi Shikishima, interpretado de forma intensa por Ryunosuke Kamiki. Shikishima, um ex-piloto kamikaze que sobreviveu ao conflito, vê-se envolto em dilemas internos que mesclam seu desejo de redenção com o instinto de autopreservação, refletindo a luta de um homem em busca de propósito em meio à ruína de seu país.

O roteiro de Yamazaki, que conta com a colaboração de Takeo Murata, evoca elementos reconhecíveis dos filmes anteriores da franquia, sem perder a originalidade. A preparação dos fãs para a futura aliança monstruosa em “Godzilla e Kong: O Novo Império” é evidente, mas “Godzilla Minus One”  traz uma abordagem mais introspectiva e sombria, explorando a condição humana e os ecos do nacionalismo exacerbado.

Shikishima é retratado como um herói relutante, cuja jornada é marcada por falhas e remorsos, aprofundando a trama com uma complexidade rara em filmes do gênero. Sua tentativa de se reconciliar com o próprio passado é espelhada nos personagens secundários que o rodeiam. Kenji Noda, um engenheiro de armas vivido por Hidetaka Yoshioka, e Sosaku Tachibana, um ex-mecânico da Marinha interpretado por Munetaka Aoki, enriquecem a narrativa com histórias pessoais que ressaltam as diferentes formas de encarar a destruição e a reconstrução.

Noriko Oishi, interpretada por Minami Hamabe, traz um contraste necessário ao ambiente predominantemente masculino. Ela e sua filha adotiva, Akiko, personificada por Sae Nagatani, adicionam uma camada de esperança e humanidade, contrapondo-se à brutalidade e ao desespero que permeiam a obra. É por meio dessas relações que o filme revela nuances do espírito japonês de superação e solidariedade, mantendo o foco no impacto humano dos eventos.

A presença de Godzilla, embora constante e ameaçadora, é tratada como um símbolo, mais do que um simples antagonista. Representa não apenas a força bruta da natureza, mas também as consequências das escolhas humanas e as cicatrizes deixadas pela guerra.

Filme: Godzilla Minus One
Diretor: Takashi Yamazaki
Ano: 2023
Gênero: Ação/Ficção Científica
Avaliaçao: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★