Eu sou, particularmente, fascinada por documentários, pois eles nos apresentam histórias conhecidas, mas sob um ângulo completamente novo. Existe uma proximidade nas falas. Testemunhas narram eventos a partir de sua perspectiva única, como participantes ativos. Em “O Retorno do Rei: Queda e Ascensão de Elvis Presley”, ouvimos Priscilla Presley relatar como seu marido, Elvis, enfrentou os momentos mais sombrios da fama. Figuras influenciadas por ele, como Billy Corgan, vocalista do Smashing Pumpkins, o apresentador e humorista Conan O’Brien, o cineasta Baz Luhrmann e o músico Bruce Springsteen, entre outras personalidades, compartilham suas próprias visões sobre o Rei do Rock.
Elvis Presley nasceu em uma família humilde em Tupelo, Mississippi, mas foi em Memphis, Tennessee, que ele cresceu e absorveu influências cruciais para sua formação artística. Criado principalmente pela mãe, em um bairro predominantemente negro, Elvis teve contato direto com a música gospel e com artistas como Arthur Crudup e Big Mama Thornton. Essas influências, combinadas ao country e ao bluegrass, resultaram em um estilo inovador e singular. Sua aparência marcante, aliada ao famoso rebolado que desafiava os padrões conservadores da época, catapultou sua popularidade. No entanto, é inegável que, sem seu talento musical extraordinário, ele não teria alcançado tamanho sucesso.
O documentário aborda a trajetória de Elvis a partir do final da década de 1950, quando ele já era um astro consolidado, mas precisou interromper sua carreira para cumprir o serviço militar em 1958, na Alemanha Ocidental. Relutante, Elvis deixou os Estados Unidos e a vida artística que tanto amava. Contudo, essa fase foi marcante, pois foi durante esse período que ele conheceu Priscilla Beaulieu, filha do oficial Paul Beaulieu, que também estava na Alemanha a serviço da Força Aérea dos EUA. Longe dos holofotes e do ambiente que o idolatrava, Elvis sentiu-se isolado. O documentário revela um lado vulnerável do artista: uma pessoa sensível e insegura, que dependia da constante validação para se sentir bem. Ele temia cair no esquecimento, mas o coronel Tom Parker, seu empresário, garantiu que sua presença fosse mantida. Antes de partir, Elvis gravou um extenso repertório, e essas músicas foram lançadas estrategicamente durante sua ausência, mantendo-o no topo das paradas.
Ao retornar, Elvis seguiu um novo caminho sugerido por Parker: um contrato de cinco anos com a MGM para a produção de filmes musicais. No início, a estratégia foi um sucesso absoluto. Os filmes se tornaram fenômenos de bilheteria e as trilhas sonoras dominaram as paradas, gerando lucros vultosos para Elvis, Parker e o estúdio. No entanto, com o tempo, a fórmula se desgastou. As produções tornaram-se repetitivas e o público começou a perder o interesse. Elvis, insatisfeito com a qualidade dos filmes e as limitações criativas, sentiu-se preso por um contrato que não lhe permitia explorar outros caminhos artísticos.
Nesse período, Elvis e Priscilla se casaram e tiveram Lisa Marie Presley. Apesar das conquistas pessoais, sua carreira continuava a declinar. Elvis enfrentava um momento de crise, sentindo-se aprisionado e desvalorizado. Contudo, em 1968, ele encontrou uma oportunidade de resgatar sua relevância com um especial ao vivo para a televisão, que marcou seu retorno triunfal. Esse evento reafirmou seu status como uma lenda e revitalizou sua carreira.
Documentários como “O Retorno do Rei: Queda e Ascensão de Elvis Presley” são essenciais porque nos lembram da dualidade das estrelas. Por trás do brilho que fascina multidões, existe uma vulnerabilidade inerente. Elvis Presley, frequentemente retratado como um mito ou uma entidade quase divina, era, na essência, um ser humano comum, lutando contra suas inseguranças e tentando manter seu lugar em um mundo que sempre exigia mais. O documentário humaniza o ícone, destacando suas fraquezas e temores, sem jamais diminuir seu legado.
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