O amor é, na maior parte das vezes, uma surpresa que surge em circunstâncias inesperadas, revelando-se nos momentos em que menos se espera. A busca incessante por um encontro perfeito pode, paradoxalmente, afastar aqueles que mais desejam encontrá-lo. A obsessão por idealizações e planejamentos precisos tende a cegar as pessoas para os instantes que realmente têm relevância.
No filme “Amor à Primeira Vista”, dirigido por Vanessa Caswill e roteirizado por Katie Lovejoy, com base no livro “The Statistical Probability of Love at First Sight” de Jennifer E. Smith, a trama apresenta o encontro improvável entre Hadley (Hailey Lu Richardson) e Oliver (Ben Hardy). A narrativa é enriquecida pela participação de Jameela Jamil, que atua como narradora, rompendo a quarta parede ao se comunicar diretamente com o público e, simultaneamente, assumindo papéis secundários ao longo da história.
Hadley, prestes a embarcar em um voo de Nova York para Londres, perde sua viagem inicial e encontra Oliver enquanto espera pelo próximo. Unidos pela casualidade, eles compartilham uma refeição e trocam detalhes triviais de suas vidas, como a aversão mútua à maionese. O destino intervém novamente quando eles se veem sentados lado a lado no voo seguinte, proporcionando sete horas de confidências e descobertas mútuas.
Hadley revela que está indo para o casamento de seu pai, um professor de poesia que se mudou para Londres e, após encontrar um novo amor, divorciou-se da mãe de Hadley. A jovem encara a cerimônia com ceticismo, considerando-a uma afronta à memória de sua família. Por outro lado, Oliver, mais reservado, revela que está a caminho de um evento muito diferente: o velório de sua mãe, vítima de câncer. A honestidade entre os dois intensifica a conexão, culminando em um momento de quase beijo na porta do banheiro do avião. Entretanto, o destino prega uma peça quando, ao desembarcarem, Oliver anota seu número no telefone de Hadley, mas a bateria do aparelho descarrega antes que ela possa salvar o contato.
Oliver, cujo raciocínio é guiado por estatísticas, surpreende-se com a sequência de eventos que os leva a cruzar caminhos. Durante a cerimônia do pai, Hadley não consegue afastar os pensamentos sobre o rapaz que conheceu. Motivada por essa inquietação, ela lembra o local do funeral e decide ir até lá. Ao chegar, descobre que a mãe de Oliver está viva, apesar de ter organizado seu próprio velório em vida, enfrentando com coragem o diagnóstico que a ameaça.
O reencontro entre Hadley e Oliver é marcado por uma conversa breve, repleta de dúvidas e mágoas não ditas. Contudo, esse momento oferece a Hadley a oportunidade de resolver questões com seu pai, confrontando antigas mágoas e encontrando espaço para o perdão. O desfecho segue o esperado, honrando a tradição dos romances: o casal se reconecta e, juntos, enfrentam as inseguranças e obstáculos que os distanciaram.
Com um enredo que se desenrola em meio a encontros fortuitos e uma atmosfera carregada de emoção, o filme cumpre seu papel de entretenimento, oferecendo uma narrativa leve e repleta de drama. Embora a trama não inove em seu desenlace previsível, entrega um final reconfortante que, apesar de familiar, atende ao público que aprecia histórias de amor embaladas em clichês conhecidos.
★★★★★★★★★★