“Agente Stone”, dirigido por Tom Harper, mergulha em uma narrativa onde a linha tênue entre humanidade e inteligência artificial é explorada de maneira a prender a atenção do espectador do início ao fim. O enredo desenhado por Allison Schroeder e Greg Rucka reflete uma reflexão contemporânea: a crescente dependência tecnológica que, por vezes, ameaça ultrapassar limites perigosos. O filme conta a história de Rachel Stone, uma espiã do MI6, cujo trabalho a leva a confrontar dilemas que começam a inquietar até o mais comum dos cidadãos, num século 21 que não cessa de desafiar expectativas.
Desde a primeira cena, Harper não poupa recursos para ambientar o público: um plano aberto das montanhas nevadas do Alpin Arena Senales, no extremo norte da Itália, é a paisagem que abre caminho para uma celebração com ares suspeitos. É neste cenário que Rachel, uma agente de destaque do serviço secreto britânico, se prepara para entrar em ação. Gal Gadot, com sua habilidade de transitar entre a serenidade e a determinação fria, traz à vida uma protagonista capaz de cativar pela complexidade. Antes de mergulhar em uma missão que promete ser a mais desafiadora de sua carreira, a personagem escuta distraidamente as histórias sobre Barry, o gato de seu colega Max, interpretado por Paul Ready, numa cena que humaniza a espiã e a aproxima do público.
A missão em questão é audaciosa: capturar um notório traficante de armas, sumido por três anos em um jogo de esconde-esconde global. Com pouco mais de duas horas de filme, Harper conduz uma trama que transborda tensão e reviravoltas, povoada por personagens ambíguos. Jamie Dornan dá vida a Parker, um tipo cuja ambiguidade remete a seus papéis em produções como “O Cerco de Jadotville” e “Missão: Impossível — Efeito Fallout”, onde antagonistas multifacetados são explorados com maestria.
No desenrolar do segundo ato, a perspectiva ética de Rachel é posta em xeque, revelando que a lealdade da protagonista não é um traço tão preto no branco quanto se poderia pensar. A narrativa desvenda que ela não serve apenas ao MI6, mas também à Carta, uma organização secreta composta por agentes dispostos a tudo pela promessa de paz mundial, mesmo que à custa de ações extremas. Essa dualidade enriquece a trama, adicionando camadas à personagem e questionando os limites do dever em um mundo à beira do colapso tecnológico.
Com uma produção marcada por efeitos visuais que impressionam e um enredo que brinca com elementos familiares do gênero de ação, “Agente Stone” mantém a audiência em suspense até seu desfecho, que deixa entrever a possibilidade de uma continuação — desde que a humanidade consiga sobreviver à iminente tempestade tecnológica que Harper tão bem retrata em sua obra.
★★★★★★★★★★