O gradual distanciamento de Bruce Willis da vida pública em Hollywood é um fato que ressoa com um ar de tristeza inevitável. Conhecido mundialmente por sua interpretação icônica de John McClane na série “Duro de Matar” (1988-2013), o ator consolidou sua imagem como o policial destemido que enfrentava terroristas em solo americano, frequentemente arriscando sua vida e segurança familiar. Infelizmente, a afasia que o acometeu forçou Willis a abandonar sua carreira, enclausurando-o cada vez mais em um mundo particular e distante.
As produções finais em que participou, que poderiam ter representado uma despedida honrosa, acabaram, de maneira inesperada, resvalando em tons de amargura e despedida discreta. Em “No Lugar Errado”, dirigido por Mike Burns, Willis interpreta mais uma vez um personagem que transita entre a bondade, a impulsividade e o cansaço, retratando desafios pessoais e profissionais que nunca chegam a uma resolução satisfatória. Este longa se une a outros títulos de final de carreira, como “Fuga da Morte” (2021), também de Burns, e “Um Dia para Morrer” (2022), dirigido por Wes Miller, compondo um adeus cinematográfico que dificilmente deixará saudades.
O roteiro escrito por Bill Lawrence naufraga em meio a clichês que reforçam a imagem do herói fadado a sacrificar-se, marcado pelo fardo de uma tragédia pessoal que o persegue. A trama apresenta Frank Richards, interpretado por Willis, um ex-policial cuja trajetória despencou após ser responsabilizado pela morte da esposa. Em um ponto crucial da história, é revelado que Chloe, a filha única de Frank, vivida por Ashley Greene, enfrenta um câncer em estágio avançado. A relação entre Frank e Maggie, sua esposa, interpretada por Lauren McCord, é apenas superficialmente explorada, apesar das tentativas de Burns de sugerir complexidade emocional. A narrativa se complica quando Jake Brown, um traficante vivido por Michael Sirow, sequestra Chloe. A conexão entre a derrocada profissional de Frank e os eventos atuais permanece obscura, enfraquecendo a coerência do enredo.
“No Lugar Errado” resulta em uma coleção de cenas desarticuladas que não encontram um caminho claro para um desfecho satisfatório. A carreira de Willis merecia uma despedida que estivesse à altura de sua contribuição para o cinema, honrando os dias de glória de John McClane e, sobretudo, a memória do espirituoso David Addison Jr., o detetive de “A Gata e o Rato” (1985-1989), criação de Glenn Gordon Caron, que tanto cativou o público.
★★★★★★★★★★