Frank Herbert, autor norte-americano, lançou o universo de “Duna” na década de 1960, criando o livro de ficção científica mais vendido mundialmente. Em 1984, o diretor David Lynch levou essa história às telas, numa adaptação que, apesar da indicação ao Oscar de melhor som e de uma pequena base de fãs, é vista com reservas; o próprio Lynch lamenta ter realizado o filme. Outra adaptação ocorreu nos anos 2000, uma minissérie de John Harrison protagonizada por William Hurt e Alec Newman. Embora seja menos popular, essa série foi premiada com dois Emmys.
Hoje, nas mãos de Denis Villeneuve, um dos cineastas mais aclamados da atualidade, “Duna” se tornou uma experiência visual impressionante. Villeneuve constrói um espetáculo silencioso e contemplativo, ambientado em um futuro distante no qual a Terra é apenas uma memória vaga. Mesmo em um cenário tão remoto, o filme aborda temas profundamente contemporâneos.
O enredo denso e intricado explora conflitos políticos e questões como herança, religião, ecologia, tecnologia e desigualdades sociais. Em alguns momentos, o visual evoca o mundo de “Star Wars”, mas “Duna” apresenta uma atmosfera mais sombria e madura. O longa, primeira metade de uma história em duas partes, demonstra seu vigor com uma produção que conquistou seis Oscars técnicos, incluindo melhor som, efeitos visuais, design de produção, canção original, edição e fotografia. Também foi indicado em outras categorias, como melhor filme, maquiagem, figurino e roteiro adaptado.
Destaca-se a fotografia de Greig Fraser, reconhecido por seu trabalho em produções como “Rogue One”, “A Hora Mais Escura” e “Vice”. Em “Duna”, Fraser opta por iluminações naturais que revelam o movimento do sol sobre os personagens e exibem vastas imagens de dunas, transmitindo uma sensação de distância e sobrevivência em Arrakis. Esse planeta árido e brutal, chamado de Duna, onde grande parte da narrativa ocorre, simboliza uma paisagem de desafios extremos e perigos constantes. A relação de Paul (Timothée Chalamet) com esse ambiente evolui ao longo do filme: no início, seu reflexo no vidro de um helicóptero sugere a pureza e a inocência que, com o progresso da história, transformam-se em maturidade e autoconhecimento.
Fraser e o compositor Hans Zimmer colaboram para criar um espetáculo visual e sonoro cativante. A trilha de Zimmer mistura experimentações, vocalizações e toques étnicos, além de inspirações do Pink Floyd. Trechos de “Eclipse”, da banda britânica, foram incluídos na trilha, conferindo ao filme uma ambientação mística e quase sobrenatural.
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