Ridley Scott, em uma carreira com cerca de 60 produções, se consolidou como um dos diretores mais influentes da indústria cinematográfica, entregando tanto obras icônicas quanto alguns filmes que ficaram aquém das expectativas. Entre os títulos que marcaram época, estão “Alien: O Oitavo Passageiro” (1979), “Blade Runner” (1982) e “Thelma & Louise” (1991). Esses filmes ajudaram a redefinir gêneros e elevaram Scott ao status de visionário. Contudo, nem todos os seus trabalhos tiveram o mesmo êxito. “Gladiador” (2000), no entanto, é unanimemente celebrado como um de seus projetos mais ambiciosos e impactantes, frequentemente listado entre os maiores filmes de todos os tempos.
Consagrado com 5 Oscars, incluindo o de Melhor Filme, e indicado a 12 categorias, “Gladiador” angariou aclamação global, acumulando mais de 100 prêmios em festivais renomados. Essa produção também trouxe o primeiro Oscar de Melhor Ator para Russell Crowe, que viveu o general romano Maximus em uma interpretação marcante. Antes de Crowe ser escalado, atores como Mel Gibson e Tom Cruise foram cogitados, mas declinaram a oferta. Crowe, então, assumiu o papel e eternizou a figura de Maximus, um general traído por Commodus, o filho do imperador Marcus Aurelius (interpretado por Richard Harris e Joaquin Phoenix). Commodus, tomado por ciúmes, usurpa o trono e condena Maximus à escravidão, forçando-o a se tornar gladiador.
Embora o filme seja ambientado no Império Romano e inspirado em figuras como Commodus, Scott utilizou licenças poéticas para construir um enredo fictício ao redor de personagens históricos. Em “Gladiador”, Maximus é representado como um general de confiança de Marcus Aurelius, o qual teria intenção de escolhê-lo como sucessor. Tomado pela inveja, Commodus toma o poder e lança Maximus numa jornada de vingança e sobrevivência. Esse estilo de narrativa ficcional se repete em “Napoleão” (2023), onde Scott, mais uma vez, mistura elementos históricos com liberdade criativa para compor a trama.
Com um orçamento de aproximadamente 103 milhões de dólares, “Gladiador” tornou-se um sucesso de bilheteria, rendendo quase 500 milhões mundialmente. O antagonismo entre Maximus e Commodus, embora fictício, explora a figura real de Commodus, um dos imperadores historicamente acusados de precipitar a queda de Roma por sua megalomania. Conhecido por suas excentricidades e tirania, Commodus encontrou seu fim de forma violenta, sendo envenenado e estrangulado. Após sua morte, o Senado ordenou a remoção de suas estátuas, um reflexo do desprezo popular que sua administração inspirou.
As filmagens de “Gladiador” foram repletas de desafios, especialmente para Russell Crowe, que sofreu ferimentos em várias cenas. Em uma delas, o ator foi atingido no pescoço por uma espada real; em outra, cortes no rosto foram necessários após um incidente com seu cavalo, que o lançou contra uma árvore, exigindo pontos na bochecha. Em uma sequência particularmente arriscada, cinco tigres reais foram utilizados, com um veterinário em alerta com dardos tranquilizantes para manter Crowe em segurança.
A magnitude da produção também se refletiu nos cenários e adereços. Uma réplica em tamanho real do Coliseu foi construída em Malta, já que a estrutura original não corresponde à aparência que tinha na época de Commodus. Foram confeccionadas mais de 30 mil armaduras para equipar os soldados no filme, um trabalho logístico impressionante. Curiosamente, o roteiro do filme foi amplamente criticado antes das filmagens, e muitos atores recusaram papeis. Crowe, por exemplo, só aceitou o desafio após uma conversa decisiva com Scott, o que garantiu sua entrada para o papel que marcaria sua carreira.
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