Quem não desejaria alterar o passado para evitar uma situação capaz de transformar completamente o futuro? No entanto, ao distanciar-se das emoções e refletir racionalmente, até o mais impulsivo dos indivíduos reconhecerá que o tempo é uma força independente, que se submete a ninguém, por mais nobres que sejam as intenções. Recusar essa realidade é abrir espaço para uma série de infortúnios. Hannah Macpherson, contudo, desafia uma das leis fundamentais da física em “Corte no Tempo”, propondo uma narrativa que retorna a um passado inacessível, embora o objetivo seja justo. Ao lado do roteirista Michael Kennedy, ela reúne um elenco sólido para apresentar uma trama que, embora previsível, contém momentos de susto e tensão típicos de um slasher leve, feito para um público jovem, com uma conclusão que revisita lugares-comuns do gênero.
Ao tentar esconder os próprios sentimentos, o ser humano constrói armadilhas nas quais fica preso, em um labirinto de lembranças. Tempo e espaço tornam-se conceitos meramente figurativos, oferecendo uma referência do que já passou, do que ainda está por vir e de onde nos situamos entre esses pontos. A teoria da relatividade, apresentada em 1905 por Albert Einstein, um dos mais renomados físicos do século, explora precisamente a natureza flexível do tempo. Através dela, Einstein sugere que as leis da física se aplicam igualmente a qualquer referencial inercial — um ponto de origem de onde se pretende atingir outro local no universo. A velocidade da luz, por outro lado, é inalterada pela origem ou pelo destino, mantendo a mesma frequência em todos os sistemas inerciais.
A heroína do momento é Lucy Fields, que desafia o tempo para impedir a morte de sua irmã, Summer. Ainda que a intenção seja louvável, Lucy acaba semeando um rastro de caos em sua jornada, e o enredo rapidamente se perde em uma busca incessante por novos reviravoltas, uma limitação comum ao gênero. Madison Bailey e Antonia Gentry desempenham seus papéis com empenho, mas não conseguem redimir o ritmo arrastado e a superficialidade da narrativa, especialmente no primeiro ato. Em “Corte no Tempo”, o famoso efeito borboleta manifesta-se com uma intensidade destrutiva muito além do esperado.
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