Sylvester Stallone é sinônimo de instinto e perseverança. Sua trajetória, que o levou ao topo de Hollywood, é um testemunho de alguém que construiu seu caminho a partir de uma intuição aguçada e de uma determinação rara. A ascensão de Stallone não se deu apenas por talento, mas por uma visão singular sobre a indústria do cinema, um setor que, embora frequentemente efêmero e superficial, tornou-se o campo perfeito para suas conquistas. Poucos entendem tanto sobre o funcionamento desse mundo quanto ele, e menos ainda conseguem transformar percepções em realidade de maneira tão eficaz.
Em “Rambo — Programado Para Matar”, Stallone encarna um ex-combatente do Vietnã, retornando para um país que já não reconhece como seu. A personagem, John Rambo, desejava apenas usufruir da liberdade perdida nas selvas da guerra, mas encontra um ambiente hostil e preconceituoso, repleto de indivíduos que o rejeitam e o querem distante. Diferente do próprio ator que o interpreta, Rambo não tem raízes; é um forasteiro que reflete a angústia e a desilusão de uma geração americana dos anos 1980. Baseando-se no roteiro de Michael Kozoll, David Morrell e William Sackheim, Ted Kotcheff captura a essência desse isolamento e a transforma em uma narrativa sobre a alienação e o perigo de uma introspecção extrema, que culmina em uma violenta ruptura.
A jornada de Rambo o leva a Portland, no Oregon, sem destino claro e sem esperanças, até que é confrontado pelo xerife Will Teasle, um homem determinado a mantê-lo fora de sua cidade. O encontro entre os dois resulta em um jogo de vontades, com o xerife forçando Rambo a entrar na viatura para deixá-lo em um ponto distante, próximo à fronteira canadense. No entanto, a determinação de Rambo em retornar desafia Teasle, que, intrigado, decide confrontar essa figura enigmática que se recusa a se submeter.
Embora as atuações de Stallone e Brian Dennehy sejam centrais para a trama, a inclusão do coronel Samuel Trautman, interpretado por Richard Crenna, adiciona uma nova dimensão ao enredo. Trautman surge como uma figura de equilíbrio, não tanto preocupado com o bem-estar de Rambo nas mãos da polícia, mas sim com o que Rambo poderia fazer àqueles que o perseguiam. A tensão se desenrola em meio às florestas do noroeste americano, onde o protagonista, como um predador, se move com uma letalidade silenciosa e precisa.
O roteiro, ainda que simples, surpreende por sua eficácia em cativar o público. A figura de Rambo, armada apenas com uma faca multifuncional, encarna uma ameaça palpável, provocando tanto empatia quanto apreensão. Não se questiona a legitimidade de sua revolta, mas sim a necessidade de contê-lo. E é aí que “Rambo — Programado Para Matar” alcança um equilíbrio fascinante entre drama e ação. Sylvester Stallone, com seu carisma e presença, faz com que até os cenários mais improváveis se tornem memoráveis, conferindo autenticidade a uma narrativa repleta de tensão e intensidade.
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