O filme de ação que quebrou recordes, redefiniu o cinema e ainda é um fenômeno na Netflix Divulgação / Carolco Pictures

O filme de ação que quebrou recordes, redefiniu o cinema e ainda é um fenômeno na Netflix

Sylvester Stallone descobriu uma mina de ouro com “Rambo”. Em cinco filmes, distribuídos por quase quatro décadas, as histórias de John Rambo, um veterano da Guerra do Vietnã (1955-1975) obrigado a lutar contra fantasmas, imaginários e reais, dos tempos no front, renderam cerca de setecentos milhões de dólares, e Stallone cacifou-se de uma vez por todas como um dos grandes astros do cinema macho, valendo-se de seus músculos e, goste-se ou não, de uma disciplina nem tão comum em gente do seu perfil. Stallone inaugurou a franquia pela qual seria identificado até hoje com “Rambo — Programado Para Matar” (1982), dirigido por Ted Kotcheff, na qual dá uma prova de que estava mesmo no lugar certo e na hora precisa. 

Os Estados Unidos urgiam por levar o moral de seu povo após a derrota no Sudeste Asiático, e uma série de longas protagonizada por um soldado genuinamente americano — ainda que não fosse um branco anglo-saxão e protestante — vinha a calhar. Três anos depois, “Rambo 2 — A Missão” corrobora a sensação de alívio e Stallone parece ainda mais à vontade no papel. Pelas mãos de George P. Cosmatos (1941-2005) a trama rasa nascida da pena de David Morrell ganha um verniz de romance de formação, tudo sempre dependendo da validação de Stallone. E ele não falha.

Em “A Missão”, Rambo é chamado pelo onipresente coronel Samuel Trautman vivido por Richard Crenna (1926-2003) para regressar ao Vietnã e libertar os prisioneiros de guerra americanos que continuam por lá. Ele tem apenas 36 horas para cumprir a tarefa, e ainda mais determinado e furioso que no filme de Kotcheff, Rambo terá uma pedreira a vencer caso queira obter sucesso, sem trocadilho. Stallone e o corroteirista Kevin Jarre fazem alusões à primeira aparição do ex-guerrilheiro, enfrentandoas tropas do xerife Will Teasle, de Brian Dennehy (1938-2020), uma esquadrilha de Apaches e tanques quando pretendia apenas descansar nas montanhas do noroeste do Pacífico ao fim do massacre do corpo e do espírito. Munido de arco e flechas explosivas, Rambo, claro, faz miséria no Vietnã. Cosmatos imprime um pouco de realismo a seu filme ao submeter nosso herói a sessões de tortura quando acaba capturado pelos vietcongues remanescentes do conflito com as tropas de Lyndon Johnson (1908-1973), porém todos sabemos que Rambo não se dobra aos registros históricos. E é assim que nascem as lendas.

Filme: Rambo 2 — A Missão
Diretor: George P. Cosmatos
Ano: 1985
Gênero: Ação/Guerra
Avaliaçao: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★
Giancarlo Galdino

Depois de sonhos frustrados com uma carreira de correspondente de guerra à Winston Churchill e Ernest Hemingway, Giancarlo Galdino aceitou o limão da vida e por quinze anos trabalhou com o azedume da assessoria de políticos e burocratas em geral. Graduado em jornalismo e com alguns cursos de especialização em cinema na bagagem, desde 1º de junho de 2021, entretanto, consegue valer-se deste espaço para expressar seus conhecimentos sobre filmes, literatura, comportamento e, por que não?, política, tudo mediado por sua grande paixão, a filosofia, a ciência das ciências. Que Deus conserve.