Keanu Reeves retorna como o implacável assassino no terceiro capítulo da franquia, consolidada como uma das mais lucrativas do mercado. Em um mundo onde a moralidade fosse clara e as leis cumpridas à risca, figuras como John Wick seriam desnecessárias. No entanto, em uma realidade caótica, sua presença parece inevitável. Wick personifica o equilíbrio precário entre ordem e desordem, um vigilante que sobrevive e age segundo suas próprias regras.
O diretor Chad Stahelski explora nesse filme as nuances da degradação moral do protagonista, envolvendo o público com um espetáculo visual de grande impacto. A fotografia de Dan Laustsen oscila entre o vívido e o sombrio, refletindo o isolamento de Wick e a frieza de uma Nova York desumanizada. O roteiro ajusta-se para legitimar a brutalidade de seu herói, que navega por um universo onde a justiça é moldada pela força e pelo acaso, revelando um panorama sombrio e visualmente marcante.
Wick, fugindo da perseguição implacável, busca refúgio no submundo enquanto o tempo corre contra ele. Um amuleto escondido em um antigo livro russo se torna sua chave para um esconderijo improvável. A tensão é imediata: cada cena de ação coreografada por Stahelski prende o espectador, especialmente o confronto inicial em que o assassino usa o livro como arma letal. Esses momentos, repletos de violência estilizada, mantêm o ritmo frenético do filme.
No Hotel Continental, Lance Reddick, como o fiel Charon, cuida do pitbull de Wick, enquanto o protagonista busca aliados. Anjelica Huston surge como uma antiga mentora, entrelaçando crime e balé em uma subtrama que adiciona camadas de complexidade ao enredo. Apesar disso, a inclusão de personagens secundários como Sofia, interpretada por Halle Berry, e seus cães treinados, adiciona volume sem necessariamente impulsionar a narrativa principal.
“John Wick 3: Parabellum” evoca os clássicos faroestes, mas os transpõe para um cenário distópico, onde o caos reina. Comparações com obras de Clint Eastwood são inevitáveis, mas o universo de John Wick segue um caminho próprio, onde o espetáculo visual e a intensidade das cenas de ação prevalecem. Mesmo com sua pretensa conclusão, a saga deixa em aberto a possibilidade de novas sequências, provocando um misto de expectativa e receio sobre o futuro da franquia.
★★★★★★★★★★