As festividades de fim de ano raramente despertam consenso, e o cinema se encarrega de registrar essa ambiguidade. Entre luzes cintilantes e promessas de renovação, o período também carrega um peso dramático. Parece que o destino guarda suas reviravoltas mais impactantes para esses dias, trazendo à tona histórias marcadas por desilusões, perdas e, por vezes, tragédias maiores. De Wilder, com seu clássico atemporal “Se Meu Apartamento Falasse”, a Columbus e o fenômeno “Esqueceram de Mim”, passando pelas releituras fantasiosas de Howard e Selick, o Natal, com sua aura de celebração, já serviu como cenário para momentos inesquecíveis na tela.
Entretanto, à medida que tudo se transforma em espetáculo de consumo, o Natal tem assumido o papel de vitrine para marcas e ídolos. Nesse contexto, surge “Sintonia de Natal”, um projeto que estreia a temporada temática da Netflix. Dirigido por Rusty Cundieff, o longa escancara sua vocação promocional, centrando-se em torno do grupo Pentatonix. O roteiro, recheado de clichês e descompromissado com originalidade, parece ideal para os fãs do quinteto texano. Para os demais, o enredo se arrasta com uma previsibilidade quase insuportável, salvo por alguns momentos que apenas reforçam a fórmula desgastada.
Layla, aparentemente satisfeita em seu relacionamento com Tanner, enfrenta um contratempo climático enquanto tenta viajar para as festas de fim de ano. No lounge VIP do aeroporto, encontra James, um estranho que rapidamente se torna o centro de sua atenção. O diálogo flui, conduzindo a narrativa por caminhos familiares. Ainda que um clima de sedução permeie o encontro, Layla resiste às tentações mais óbvias. James, com uma presença magnética, parece oferecer uma saída do óbvio, mas o destino leva Layla de volta ao roteiro original.
A trama retoma com Layla finalmente se reunindo com Tanner, mas não sem a introdução de mais um personagem: Teddy, cuja missão é assegurar que Layla chegue ao show do Pentatonix. Nesse emaranhado de encontros e desencontros, o filme conduz o público a um desfecho previsível: o verdadeiro par de Layla não é Tanner, mas James. Apesar de todo o caos e as reviravoltas, o arco narrativo desemboca no esperado final feliz. No entanto, a pergunta que persiste é: onde, afinal, o espírito natalino se insere nessa narrativa?
★★★★★★★★★★