Brenda Chapman, renomada roteirista por trás de clássicos da Disney como “A Bela e a Fera”, “O Rei Leão” e “Valente”, fez sua estreia na direção de live-action com “Alice e Peter: Onde Nascem os Sonhos”. Baseado no roteiro de Marissa Kate Goodhill, o filme enfrentou desafios significativos. Lançado em 2020, durante o auge da pandemia de Covid-19, a produção também foi alvo de uma campanha racista no IMDb, onde usuários se uniram para avaliar negativamente o longa antes mesmo de assisti-lo. O motivo? A escolha de retratar Peter Pan e Alice como crianças negras, uma decisão que, segundo Chapman, deveria ser celebrada pela diversidade, mas acabou atraindo o preconceito de parte do público.
Chapman, profundamente desapontada, expressou sua surpresa com os ataques em uma entrevista. Ela acreditava que atitudes racistas estariam mais superadas, especialmente no contexto contemporâneo. A diretora destacou que sua escolha de elenco não foi motivada por agendas políticas, mas sim pelo desejo de trabalhar com talentos excepcionais como David Oyelowo. Foi ele, aliás, quem sugeriu a inclusão de Angelina Jolie no elenco, uma vez que sua experiência com uma família multirracial ressoava com a história central do filme.
A narrativa de “Alice e Peter” é um tributo à infância, período em que a imaginação floresce e transforma o mundo em um lugar repleto de possibilidades. Inspirados nos universos mágicos de James Matthew Barry e Lewis Carroll, criadores de “Peter Pan” e “Alice no País das Maravilhas”, o filme une esses dois mundos de forma única. Ambientado no início do século 20, a história apresenta a família Littleton: Jack (Oyelowo), Rose (Jolie) e seus filhos David (Reece Yates), Peter (Jordan A. Nash) e Alice (Keira Chansa). Vivendo em uma charmosa casa próxima à floresta nos arredores de Londres, os dias das crianças são preenchidos com brincadeiras e aventuras, até que uma tragédia abala suas vidas.
A morte repentina de David, que se afoga em um lago durante uma brincadeira, despedaça a família. Jack, um ex-jogador compulsivo, recai em velhos hábitos, enquanto Rose afunda em uma depressão que a leva ao alcoolismo. Peter e Alice, por outro lado, encontram refúgio na imaginação, criando mundos paralelos onde a dor da perda é mais suportável. Peter sonha com a Terra do Nunca, onde lidera os Garotos Perdidos, e Alice se vê em um país das maravilhas, solucionando enigmas e vivendo aventuras extraordinárias.
O filme captura de forma sensível a resiliência infantil. Mesmo diante de traumas profundos, as crianças moldam suas realidades para torná-las mais suportáveis, usando a criatividade como mecanismo de sobrevivência emocional. Essa narrativa não apenas celebra a capacidade humana de adaptação, mas também nos lembra do poder transformador da imaginação.
Com um enredo tocante e visualmente encantador, “Alice e Peter: Onde Nascem os Sonhos” oferece uma experiência cinematográfica emocionante para públicos de todas as idades. Ao explorar temas como perda, superação e esperança, o filme convida os espectadores a revisitar a magia da infância e a valorizar a força dos laços familiares, mesmo nas circunstâncias mais difíceis.
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