Não é apenas o título do filme que evoca a adorada trilogia de Richard Linklater. Em “Antes do Adeus”, o diretor estreante Chris Evans constrói uma narrativa que ecoa a premissa de “Antes do Amanhecer”. Aqui, o tempo é comprimido em uma única noite, e a trama se desenrola quase inteiramente através de diálogos entre dois personagens cujas vidas se cruzam por acaso.
Os protagonistas são Nick Vaughan (Chris Evans) e Brooke Dalton (Alice Eve). Nick é um trompetista que toca em uma estação de metrô em Nova York, onde encontra Brooke, claramente desorientada após perder o último metrô da noite. Além disso, ela teve sua bolsa roubada e está sem dinheiro, com apenas um bilhete de metrô em mãos. Brooke está desesperada para voltar para casa e enfrentar uma crise conjugal, e é nesse momento de vulnerabilidade que Nick decide ajudá-la, oferecendo-se para arrecadar o dinheiro necessário para que ela possa pegar um táxi.
O que começa como um encontro fortuito logo se transforma em uma jornada noturna cheia de nuances. À medida que a dupla perambula pelas ruas de Nova York, em busca de soluções para os seus problemas imediatos, eles trocam confidências sobre amor, perda e os dilemas que os afligem. A cidade serve como um pano de fundo perfeito para essa jornada introspectiva, com suas luzes cintilantes e becos silenciosos, criando um clima íntimo e melancólico.
Durante a noite, Nick tem um encontro inesperado com sua ex-namorada, uma mulher por quem ele ainda nutre sentimentos profundos. Em um passado não tão distante, ele planejava pedir sua mão em casamento, mas ela o deixou, e agora está prestes a começar uma nova vida ao lado de outra pessoa. Esse reencontro não só reacende a dor de um coração partido, mas também força Nick a confrontar as feridas do passado.
Paralelamente, Brooke revela os detalhes de seu próprio furacão emocional. Ela descobriu recentemente que seu marido está envolvido em um caso extraconjugal. Dividida entre o desejo de perdoá-lo e a vontade de abandoná-lo para recomeçar do zero, Brooke luta contra a incerteza do futuro. Seus dilemas conjugais refletem a complexidade do amor e a dificuldade de equilibrar razão e emoção quando a confiança é abalada.
O que une Nick e Brooke não é apenas a necessidade prática de resolver seus problemas imediatos, mas também um anseio compartilhado por clareza emocional e conexão humana. À medida que a noite avança, eles encontram conforto um no outro, oferecendo conselhos e compartilhando desabafos que vão muito além do superficial. Em um curto espaço de tempo, estabelecem uma conexão que transcende o encontro casual, mostrando que, mesmo em momentos fugazes, é possível encontrar apoio e compreensão genuína.
“Antes do Adeus” é uma reflexão delicada sobre a forma como os momentos mais inesperados podem transformar nossas perspectivas e nos ajudar a encontrar novos caminhos. A jornada de Nick e Brooke sugere que, mesmo em meio à dor e incerteza, há espaço para crescimento e renovação.
Além de seu apelo emocional, o filme também é uma ode a Nova York. Com uma cinematografia que captura a beleza noturna da cidade, o espectador é transportado para alguns de seus cenários mais icônicos, desde estações de metrô até ruas tranquilas e cafés aconchegantes. Nova York se torna mais do que um pano de fundo; é quase um personagem, refletindo as emoções de Nick e Brooke enquanto eles exploram suas próprias vulnerabilidades.
“Antes do Adeus” é um filme que fala de encontros e despedidas, de segundas chances e da força transformadora das conexões humanas. Ele nos lembra que, por mais breve que seja um encontro, ele pode deixar marcas duradouras, mudando para sempre a maneira como enxergamos a vida e o amor.
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