O melhor filme que você verá este mês na Netflix: adaptação do livro que inspirou Cem Anos de Solidão é uma experiência inesquecível Juan Rosas / Netflix

O melhor filme que você verá este mês na Netflix: adaptação do livro que inspirou Cem Anos de Solidão é uma experiência inesquecível

Comala é uma aldeia esquecida onde até mesmo os mortos permanecem inquietos, eternamente presos às dores e injustiças que marcaram suas vidas. Localizada nas áridas terras do estado de Colima, no México, a vila abriga espectros que vagam sem rumo, como se buscassem, inutilmente, alguém que ouça suas histórias. Rodrigo Prieto, ao adaptar o célebre romance de Juan Rulfo, publicado em 1955, mergulha profundamente nesse universo de sombras e silêncios.

O resultado é uma obra que não apenas explora o realismo mágico, mas também ilumina as feridas de um México marcado pela ganância, pela exploração humana e por um senso de fatalismo. A prosa de Rulfo, uma referência inescapável para autores como Gabriel García Márquez e Mario Vargas Llosa, ganha aqui uma nova dimensão, onde o fantástico se entrelaça com a dura realidade de um povoado que é ao mesmo tempo cemitério e palco de memórias perturbadoras.

Em seu único romance, Rulfo emprega uma linguagem precisa e carregada de emoção contida, característica que o roteiro de Mateo Gil transforma em diálogos pausados e densos, repletos de significados implícitos. A trama, centrada em temas universais como morte, amor, ganância e desejo, ganha uma atmosfera sombria que se desenrola lentamente, como um véu de mistério que nunca se dissipa por completo.

Sob a direção cuidadosa de Prieto, cada cena parece respirar a melancolia e o peso existencial do texto original. Comala, com suas paisagens desoladas e quase monocromáticas, torna-se uma extensão do estado emocional de seus habitantes. É um lugar onde o passado nunca é realmente deixado para trás, e os mortos compartilham o mesmo espaço dos vivos, em uma convivência que desafia as fronteiras do tempo e da lógica. Nesse cenário opressivo de “Pedro Páramo”, as lendas e memórias se entrelaçam, compondo um retrato de humanidade fraturada que ecoa muito além das fronteiras daquela pequena vila.

Filme: Pedro Páramo
Diretor: Rodrigo Prieto
Ano: 2024
Gênero: Drama/Terror
Avaliaçao: 9/10 1 1
★★★★★★★★★