Uma ameaça desconhecida rapidamente se espalha pelo mundo, transformando humanos em zumbis vorazes. Sem aviso ou defesa, a crise global chama a atenção do governo dos Estados Unidos, que recorre a Gerry Lane, um ex-investigador da ONU agora dedicado à vida familiar. Com base no romance de Max Brooks, “Guerra Mundial Z” se destaca por sua abordagem fragmentada e repleta de enigmas, em vez de oferecer respostas claras. Sob a direção de Marc Forster, que conta com o roteiro colaborativo de quatro escritores, incluindo Matthew Michael Carnahan, conhecido por “Mosul” (2019), o filme mistura temas variados, como teorias conspiratórias religiosas, tráfico de órgãos e críticas à irresponsabilidade das companhias aéreas, que aceleram a propagação de um vírus híbrido e letal.
Forster se afasta do realismo científico, optando por uma narrativa focada no espetáculo e na reflexão simbólica. O enredo sugere que a infestação é uma alegoria multifacetada, abordando questões ambientais, desigualdade social e a fragilidade das infraestruturas globais. Com um orçamento robusto de 200 milhões de dólares, o diretor enriquece o prólogo com imagens emblemáticas: o sol nascente sobre o oceano, abelhas operárias em harmonia e bandos de pássaros atravessando o horizonte, contrastando com o ritmo caótico dos nova-iorquinos. A tensão se intensifica quando notícias de cetáceos encalhados emergem, prenunciando a calamidade iminente.
Brad Pitt assume o papel de Gerry Lane, um homem aparentemente comum, mas com um passado de relevância na ONU. A narrativa acompanha sua jornada de pacato pai de família a líder relutante em uma batalha contra hordas de zumbis. Mireille Enos interpreta Karin, sua esposa, ancorando emocionalmente o protagonista. A ação transita de cenários familiares no Lower East Side para sequências de escala épica, como a invasão em massa em Israel, onde as criaturas se lançam umas sobre as outras como uma maré implacável. Esses momentos ressaltam a intensidade do filme, que equilibra o suspense com cenas de ação frenéticas.
Alguns críticos interpretam “Guerra Mundial Z” como uma crítica indireta à administração de George W. Bush, enquanto outros veem o filme como uma metáfora mais ampla para crises globais. No entanto, a obra se mostra surpreendentemente atual à luz da pandemia de Covid-19, que expôs a vulnerabilidade das sociedades modernas a ameaças invisíveis. Como bem observou Winston Churchill, a democracia pode ser um remédio contra líderes demagogos, mas contra inimigos microscópicos ou mutantes, a humanidade ainda está em busca de soluções eficazes.
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