Nem toda produção de Richard Linklater brilha intensamente. “Assassino por Acaso” diverte, mas não alcança o padrão elevado do diretor. Baseado em um artigo de Skip Hollandsworth para o “Texas Monthly”, o longa adapta a curiosa trajetória de Gary Johnson, professor entediado que encontra propósito ao colaborar com a polícia, disfarçando-se de assassino de aluguel. Sua missão? Encurralar criminosos dispostos a pagar por mortes encomendadas.
Gary, vivido por Glen Powell, registra confissões que levam à prisão de dezenas de indivíduos, de cônjuges vingativos a rivais empresariais. O enredo, no entanto, ganha contornos fictícios quando ele conhece Madison (Adria Arjona), vítima de abuso doméstico. Sob o codinome Ron, Gary a convence a fugir do marido em vez de matá-lo. Tempos depois, ela retorna transformada, sem saber que Ron e Gary são a mesma pessoa, o que complica a relação.
O romance secreto torna-se um jogo perigoso, intensificado pela dualidade de Gary, que vive como assassino disfarçado. A reviravolta ocorre quando o ex-marido de Madison tenta contratar Ron para eliminá-la, sem saber que ele é seu novo namorado. A tensão culmina em tragédia: o homem é encontrado morto, e Gary e Madison se tornam os principais suspeitos. Desesperados, elaboram um plano para provar sua inocência, mas eventos caóticos dificultam suas chances.
Filmado em Nova Orleans em ritmo acelerado, o longa se desvia da fidelidade histórica, ainda que tenha contado com a consultoria de Gary Johnson antes de sua morte. A obra não chega a redefinir o gênero, mas explora com eficácia a química entre seus protagonistas, lembrando thrillers leves como “Sr. e Sra. Smith”. Uma prova de que até cineastas renomados experimentam com projetos mais modestos.
★★★★★★★★★★