Raj Singh Chaudhary entrega uma narrativa que revisita o legado de Sergio Leone, abordando temas como tráfico de drogas, mortes violentas e vingança em ritmo lento. “Thar” evoca a lembrança de “Três Homens em Conflito” (1966), um dos filmes mais densos e detalhados do faroeste, dirigido pelo mestre Leone. A história, ambientada na fronteira entre Índia e Paquistão, tem caubóis fora da lei que, apesar de terem seus rostos estampados nos infames cartazes de “procura-se vivo ou morto”, continuam a aterrorizar vilarejos, saqueando e dizimando famílias. Chaudhary, junto com os corroteiristas Anthony Catino e Yogesh Ishwar, reinterpreta os arquétipos clássicos do faroeste hollywoodiano, adicionando o tempero cultural indiano que, embora não agrade a todos, conquista seu espaço no imaginário do público.
Em 1947, a Índia estava dividida, prestes a conquistar sua independência. Dentro desse cenário caótico e imprevisível, a história de “Thar” coloca um jovem casal em um encontro secreto, seguido por um crime brutal: o pai da moça, um pastor de cabras, é assassinado e seu corpo deixado exposto numa árvore, um símbolo da violência desenfreada que assola a região. O inspetor Surekha Singh, mesmo à beira da aposentadoria, é convocado para investigar, e sua presença se torna vital para restaurar a ordem em Munabao, um vilarejo esquecido que anseia por progresso.
Anil Kapoor traz profundidade a Surekha, um homem íntegro, porém desencantado, enfrentando o mal que permeia as entranhas de sua terra natal. “Thar” demonstra que a Índia, embora às vezes sucumba às amarras culturais impostas, também tem a capacidade de transcender essas barreiras e desafiar as verdades absolutas que se instauram em sua sociedade.
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