Co-escrito por Thomas Vinterberg e Tobias Lindholm, o filme “Druk — Mais Uma Rodada” recebeu o Oscar de melhor filme internacional em 2021, consagrando-se como o quarto longa dinamarquês a conquistar essa categoria na premiação. A palavra “Druk”, sem equivalente em outras línguas, se aproxima do conceito de embriaguez, enquanto o título em inglês, “Another Round”, traz uma ambiguidade interessante, sugerindo tanto a ideia de mais uma dose de bebida quanto a de receber uma nova oportunidade na vida.
Em entrevista para o Toronto Film Festival e em um diálogo com Guillermo del Toro disponível no YouTube, Vinterberg explicou que, na Dinamarca, o álcool é culturalmente enraizado, com o consumo elevado sendo amplamente aceito. A premissa do filme é baseada em uma teoria popular dinamarquesa que sugere que um leve teor alcoólico no sangue poderia tornar as pessoas mais felizes, criativas, sociáveis e ousadas. No entanto, o diretor destaca os perigos e as consequências desse vício, reconhecendo o potencial destrutivo da bebida.
Na trama, quatro professores de meia-idade, desiludidos e cansados da monotonia da vida, decidem testar essa teoria. Eles fazem um pacto de beber diariamente antes de ir para o trabalho, acreditando que isso os tornará mais eficientes e interessantes. No início, a experiência parece positiva, com os personagens ganhando um novo vigor. Porém, como esperado, as coisas rapidamente fogem do controle, levando-os a enfrentar as consequências de suas escolhas arriscadas.
Vinterberg procurou evitar qualquer moralismo em sua abordagem, desejando que o filme fosse mais um convite à autoaceitação do que um julgamento sobre o alcoolismo. É impossível dissociar a história do trágico momento pessoal vivido pelo diretor, que perdeu sua filha em um acidente de carro poucos dias antes das filmagens. Ela atuaria no filme, e sua carta de apoio ao roteiro foi o que incentivou Vinterberg a seguir com o projeto.
Mads Mikkelsen, conhecido por sua versatilidade em filmes como “A Caça”, “Valhalla Rising”, “Pusher” e a série “Hannibal”, entrega uma performance magnética e envolvente em “Druk”. Uma cena em particular, onde o ator realiza uma dança coreografada, destaca-se pela intensidade emocional e pela dedicação que ele demonstrou durante o processo. O filme aborda a temática do alcoolismo de forma honesta, sem sermões, encorajando o público a refletir sobre as imperfeições humanas e a importância de viver com autenticidade.
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