Uma mulher que, afundada na dor da perda de seu filho, decide enfrentar uma perigosa escalada até o cume de uma montanha, onde planeja dar fim à própria vida. No entanto, um estranho surge inesperadamente, compartilhando com ela um relato pessoal de sofrimento que a faz reconsiderar sua decisão. “Pelo menos, hoje não”, responde ela ao ouvir se voltará ao local no futuro.
“Me contento com hoje”, ele afirma, satisfeito por ter evitado a tragédia, ainda que de forma temporária. Essa é a cena inicial de “Não Se Mexa”, o suspense de Brian Netto e Adam Schindler, roteirizado por T.J. Cimfel e David White, que estreou recentemente na Netflix e rapidamente conquistou o topo do ranking global de visualizações.
A história toma um rumo inesperado quando a mulher, Iris (Kelsey Asbille), percebe que seu carro foi bloqueado pelo veículo de um desconhecido, Richard (Finn Wittrock). Ele pede desculpas e se aproxima com um guarda-chuva, despertando a curiosidade de Iris: “Está esperando chuva?”. Ao que ele responde com calma: “É sempre bom estar preparado”. Em seguida, de forma súbita, Richard aplica um choque elétrico que faz Iris desmaiar.
Ao despertar, ela se vê presa com as mãos e os tornozelos amarrados no porta-malas do carro. Com um canivete no bolso, Iris consegue se soltar parcialmente e trava uma luta com Richard, que culmina em um acidente com o carro, que colide contra uma árvore em uma estrada deserta. Ela escapa, mas logo percebe que foi anestesiada e seus movimentos estão prestes a ser limitados.
Com o pouco tempo que lhe resta antes que o efeito da droga a imobilize, Iris corre desesperadamente por uma área desconhecida, em busca de socorro. Em sua fuga, ela encontra Bill (Moray Treadwell), um fazendeiro que a vê praticamente paralisada. Pouco depois, Richard chega à porta de Bill, mas o fazendeiro, percebendo algo errado, tenta agir com cautela para proteger Iris.
Apesar de sua frieza e experiência, Richard comete um erro crucial ao não revistar os bolsos de Iris. Esse descuido resulta em pistas deixadas por ela ao longo do caminho, forçando Richard a eliminar todas as testemunhas que cruzam seu caminho. Entre essas vítimas estão o próprio Bill e um policial (Daniel Francis), que para Richard na estrada apenas para se tornar mais uma de suas vítimas.
Mas o que leva Richard a essa perseguição mortal? Iris é apenas uma vítima aleatória ou ele busca algo mais profundo? Ao longo da trama, surgem indícios de que Richard seleciona suas vítimas entre aqueles que, como ele, também carregam traumas profundos, sugerindo um padrão que ele nunca revela inteiramente. Ele menciona uma mulher chamada Chloe, que diz ter sido seu grande amor, mas a autenticidade de sua história permanece obscura, deixando dúvidas sobre sua veracidade e natureza.
A narrativa deixa lacunas importantes: as reais motivações de Richard nunca ficam totalmente claras. Ele seria um psicopata movido por impulsos violentos ou alguém profundamente marcado pela própria dor? O roteiro sugere que ele possui uma família e uma vida aparentemente comum, mas evita explorar essas camadas, restringindo o personagem à figura de um perseguidor implacável e perturbado. Essa falta de profundidade emocional limita a conexão do público com a história, que acaba focando principalmente na perseguição entre predador e presa.
“Não Se Mexa” se configura, assim, mais como um jogo psicológico tenso, onde Richard parece extrair prazer do terror de Iris, prolongando o sofrimento dela em uma série de manobras sádicas.
Filme: Não se Mexa
Direção: Brian Netto e Adam Schindler
Ano: 2024
Gênero: Mistério/Crime
Nota: 8