Histórias de assassinos em série estão entre as mais sombrias e arrepiantes. Imaginar que existe alguém com o impulso implacável de matar, de maneira metódica e premeditada, é tanto assustador quanto desolador. Esses assassinos são muitas vezes descritos como frios, calculistas e astutos, e, mesmo sendo implacáveis, frequentemente deixam rastros que, cedo ou tarde, permitem que as autoridades os capturem.
Casos de serial killers soltos por longos períodos são raros, uma vez que as investigações sempre tendem a identificá-los. No entanto, uma exceção ainda intriga o mundo e permanece sem solução: o caso do “Assassino do Zodíaco”, um criminoso que aterrorizou os Estados Unidos nas décadas de 1960 e 1970. Sua identidade nunca foi revelada, e a polícia ainda não conseguiu capturá-lo, deixando para trás um rastro de dúvidas e conjecturas.
Milhares de suspeitos foram considerados ao longo dos anos, com diversas pistas, cartas e informações chegando de todos os lados. A população, atenta e amedrontada, enviava o que podia às autoridades, na esperança de ajudar na localização do Zodíaco. Esse assassino, que afirmava ter cometido mais de 37 homicídios na Califórnia, foi associado a diversos nomes, mas nenhum deles teve a culpabilidade comprovada.
O principal suspeito, Arthur Leigh Allen, era um professor de ensino fundamental com um histórico perturbador, mas as provas nunca foram suficientes para que ele fosse oficialmente indiciado. Allen morreu em 1992, sem ser preso ou confessar qualquer envolvimento, e até hoje permanece como o principal nome nas investigações.
O caso do Zodíaco fascina e assusta o mundo devido à frieza e habilidade com que o assassino conseguia encobrir seus rastros, mantendo-se em contato com as autoridades de forma enigmática. Uma de suas marcas mais conhecidas era o envio de cartas para jornais locais com mensagens criptografadas, algumas das quais jamais foram decifradas. Mesmo com a tecnologia moderna e a análise de especialistas, parte dos códigos do Zodíaco permanece indecifrável, frustrando as tentativas de revelar sua verdadeira identidade.
O documentário da Netflix “Aqui Quem Fala é o Zodíaco”, dirigido por Phil Lott e Ari Mark, oferece uma nova perspectiva sobre o caso e traz à tona desdobramentos intrigantes. A produção dá voz à família Seawater, que teve uma convivência próxima com Arthur Leigh Allen. Pela primeira vez, os irmãos David, Connie e Don Seawater, filhos de uma família de seis crianças em Vallejo, compartilham suas memórias. Depois que seu pai foi internado em uma clínica psiquiátrica por abusar de Connie, Allen tornou-se uma figura paterna para a família. Ele conquistou a confiança da mãe e foi visto como um apoio inestimável em um período extremamente difícil.
Allen levava as crianças Seawater em passeios, ensinava-lhes habilidades e era admirado por seu conhecimento. Como professor, ensinava códigos e mensagens criptografadas aos alunos, era um excelente mergulhador e abordava temas culturais que encantavam as crianças. O documentário revela detalhes inquietantes sobre como alguns desses passeios com a família Seawater coincidiram com o período e locais próximos aos crimes do Zodíaco. Revela também que a máscara usada pelo assassino era semelhante a uma fantasia que ele próprio costurou com a ajuda das crianças e que, curiosamente, durante os quatro anos em que Allen esteve internado em uma clínica psiquiátrica, os assassinatos associados ao Zodíaco cessaram.
Os depoimentos dos irmãos Seawater são impactantes e trazem um olhar íntimo sobre a figura de Allen e sua possível relação com o caso. Eles recordam momentos que, hoje, parecem alarmantes e questionam as verdadeiras intenções de Allen, lançando uma nova luz sobre o mistério. O documentário, dividido em três episódios de aproximadamente 40 minutos cada, captura a atenção do público com uma narrativa que mescla suspense e perplexidade, levando o espectador a refletir sobre a complexidade desse caso assustador.
Ao longo dos anos, o mistério do Zodíaco permaneceu insolúvel e continua a inspirar documentários, filmes e livros que exploram as inúmeras possibilidades e teorias sobre sua identidade. A cada revelação, o caso parece ganhar novas camadas e complexidade, mantendo o mundo cativado e gerando debates entre especialistas e entusiastas de crimes não resolvidos.
O Zodíaco, com sua assinatura enigmática e mensagens codificadas, perpetuou uma aura de terror e mistério, tornando-se um dos casos de serial killers mais enigmáticos e comentados da história. O documentário da Netflix é mais uma tentativa de aproximar o público de respostas sobre esse criminoso, ainda que as dúvidas persistam, enquanto o mistério e o fascínio permanecem.
Filme: Aqui Quem Fala é o Zodíaco
Direção: Phil Lott e Ari Mark
Ano: 2024
Gênero: Documentário/True Crime
Nota: 9