Steven Spielberg, um dos diretores mais consagrados do cinema, acumulou sete estatuetas do Oscar com o impacto de “A Lista de Schindler”. Este filme, lançado em 1994, não só conquistou o público e a crítica mundial, como também desencadeou um período de introspecção profunda em Spielberg. A intensidade da história, centrada no Holocausto, afetou-o de tal forma que ele considerou dar uma pausa definitiva em sua carreira.
Mesmo após o lançamento, Spielberg passou um longo período sem retornar ao cinema, pois sentia-se abalado emocionalmente. Foi apenas em 1997 que ele retomou as atividades, ao lançar uma sequência de “Jurassic Park”. Este retorno, entretanto, não foi imediato, sendo necessário um processo de superação emocional, pois o cineasta percebeu que enfrentava sintomas de estresse pós-traumático, algo que resultou do peso emocional ao lidar com uma narrativa tão devastadora e autêntica.
No mesmo ano de sua volta, Spielberg também apresentou “Amistad”, filme que recebeu quatro indicações ao Oscar e consolidou o retorno do diretor. No ano seguinte, Spielberg se lançou em mais uma produção intensa: “O Resgate do Soldado Ryan”. A narrativa se passa no cenário da Segunda Guerra Mundial e se inicia com o desembarque das tropas aliadas na Normandia.
No enredo, um pelotão do 2º Batalhão de Combatentes, liderado pelo capitão Miller (interpretado por Tom Hanks), recebe a missão de localizar o soldado James Ryan (vivido por Matt Damon), único sobrevivente de quatro irmãos enviados ao conflito. Essa missão é designada pelo General George C. Marshall, após ele descobrir que a mãe de Ryan receberia três notificações de óbito dos filhos, deixando apenas James vivo em um campo de batalha tomado pelas forças alemãs.
O grupo que parte em busca de Ryan é composto por oito soldados, entre eles, o capitão Miller e os combatentes Horvath (Tom Sizemore), Reiben (Edward Burns), Jackson (Barry Pepper), Mellish (Adam Goldberg), Caparzo (Vin Diesel), T (Giovanni Ribisi) e o tradutor Upham (Jeremy Davies). A jornada se desenrola em uma série de confrontos violentos e obstáculos brutais, apresentando um retrato implacável da guerra.
Spielberg se dedicou a criar uma experiência visceral e realista, com cenas como a do desembarque na Normandia, que impressiona pelo grau de detalhamento e intensidade, mergulhando o público na brutalidade do conflito. Os cortes ágeis e o som imersivo intensificam a sensação de caos e perigo, tornando a obra um marco no cinema de guerra.
Filmado com um orçamento de 70 milhões de dólares, “O Resgate do Soldado Ryan” arrecadou 482 milhões mundialmente, estabelecendo-se como um sucesso de bilheteria e conquistando aclamação crítica. A autenticidade técnica, a crueza das cenas e o comprometimento com a fidelidade histórica tornaram o filme uma referência em seu gênero.
Spielberg buscou até mesmo atores pouco conhecidos para os papéis principais, selecionando Matt Damon antes de sua fama com “Gênio Indomável”. Ele optou por poupar Damon do rigoroso treinamento militar aplicado aos demais atores do pelotão, intencionando criar ressentimento autêntico entre eles em relação ao personagem de Ryan, aumentando o realismo das interações.
Durante as gravações, uma das cenas mais marcantes, em que Ryan conta ao capitão Miller uma lembrança sobre o irmão, foi uma criação espontânea de Matt Damon. O ator improvisou ao falar sobre um episódio cômico, onde vigiava o irmão em um momento embaraçoso no celeiro. Essa adição, pessoal e natural, não estava no roteiro original, mas Spielberg a manteve pela autenticidade que conferiu ao personagem.
Indicado a 11 Oscars, “O Resgate do Soldado Ryan” conquistou cinco prêmios, incluindo os de Melhor Diretor e Melhor Fotografia.
Filme: O Resgate do Soldado Ryan
Direção: Steven Spielberg
Ano: 1997
Gêneros: Ação/Guerra/Aventura
Nota: 10