O melhor faroeste dos últimos 10 anos, com Ethan Hawke, está de saída da Netflix — aproveite antes que seja tarde Divulgação / Copyright Universal

O melhor faroeste dos últimos 10 anos, com Ethan Hawke, está de saída da Netflix — aproveite antes que seja tarde

No início de “Terra Violenta”, um estranho atravessa o árido deserto em direção ao México, até se deparar com um sacerdote aflito, pois sua égua, exausta pelo calor, não consegue avançar. O homem desmonta de seu cavalo e, após uma breve conversa, demonstra compaixão e tenta compreender a situação. Contudo, o inesperado acontece: o missionário o ameaça com uma arma, exigindo-lhe o cavalo. Esse momento revela a crítica do diretor aos líderes dissimulados que proliferam em tempos difíceis.

A obra de Ti West, um faroeste com influências de Sergio Leone, Don Siegel e Quentin Tarantino, traz um universo de hostilidade e selvageria, onde os mais fortes imperam em um cenário de darwinismo social implacável. No meio da brutalidade sem lei e do constante medo, West utiliza um clichê clássico para construir cenas intensas, reforçadas pela excelente trilha sonora de Jeff Grace. O elenco de apoio, especialmente uma figura marcante, logo chama atenção e equilibra o tom anti-heróico do protagonista.

O longa, no entanto, se destaca por não se levar excessivamente a sério, tornando a abordagem ainda mais envolvente. Após despachar o impostor interpretado com maestria por Burn Gorman, o protagonista, enigmático e endurecido, chega à cidade de Denton, um símbolo do abandono e caos pós-Corrida do Ouro no Texas do século XIX. Embora o período exato da história seja incerto, o enredo explora a tentativa do cowboy Paul, interpretado por Ethan Hawke, de reafirmar seus princípios. O filme compartilha traços com “Ataque dos Cães” de Jane Campion, destacando a figura simbólica do cachorro como companheiro leal.

Em “Terra Violenta”, Abbie, a cadela interpretada pela ágil Jumpy, é a única presença sensível o suficiente para captar os dilemas do protagonista. Sua ausência traz uma lacuna maior do que a do Marechal vivido por John Travolta, que personifica o caos, ou Mary-Anne, a jovem idealista de Taissa Farmiga. A narrativa habilmente une brutalidade e sensibilidade, humor e violência, resultando em um impacto duradouro, uma experiência crua e autêntica que deixa o público com um desejo de revisitar essa jornada pela insanidade humana.


Filme: Terra Violenta
Direção: Ti West
Ano: 2016
Gêneros: Faroeste/Ação
Nota: 9/10