Para pessoas inteligentes: mistério divertido e peculiar com Olivia Colman e Jessie Buckley acaba de chegar à HBO Max Divulgação / StudioCanal

Para pessoas inteligentes: mistério divertido e peculiar com Olivia Colman e Jessie Buckley acaba de chegar à HBO Max

Da diretora de “Como Eu Era Antes de Você” e “Jogo Bonito”, “Pequenas Cartas Obscenas” é um longa-metragem com roteiro de Johnny Sweet e conta com as performances de duas das maiores estrelas do cinema britânico contemporâneo, Jessie Buckley e Olivia Colman. Ambas as atrizes interpretaram a mesma personagem em “A Filha Perdida”, filme dirigido por Maggie Gyllenhaal.

Baseado em uma história real datada de 1920, em Littlehampton, uma pequena cidade costeira da Inglaterra, o enredo foi elaborado com a ajuda de registros históricos e recortes de jornais da época. O filme narra a peculiar saga de cartas anônimas e obscenas que circularam na vizinhança de Littlehampton, enviadas por um remetente desconhecido. O conteúdo das cartas gerou alvoroço na cidade, especialmente considerando que a época era marcada por um conservadorismo rígido e normativo.

As cartas rapidamente se tornaram alvo de investigação policial, chamando a atenção da mídia e escandalizando a população com seu teor ofensivo e suas palavras de baixo calão. Por causa de sua má reputação na cidade, Rose Gooding (Jessie Buckley) se tornou a principal suspeita de ser a autora. Ela é retratada como uma mulher de forte personalidade, independente e com comportamentos considerados inadequados para os padrões sociais da época. Sua fama a levou a ser acusada, uma vez que muitos acreditavam que apenas alguém como ela seria capaz de redigir tamanhas atrocidades.

Contudo, à medida que as investigações progrediam, Rose começou a demonstrar sua inocência. Provar essa inocência, entretanto, não foi uma tarefa simples. Foi necessário o esforço conjunto de várias mulheres da comunidade, já que a investigação policial não dispunha de recursos suficientes para aprofundar o caso. Muitas mulheres locais começaram a desconfiar da situação, especialmente após a detenção de Rose, enquanto as cartas continuavam a circular pela cidade.

Embora as personagens que representam as mulheres que lutaram para provar a inocência de Rose sejam ficcionais, foi um esforço coletivo de mulheres progressistas da época que possibilitou a defesa de Rose contra as acusações. Essa união culminou na descoberta de que, na verdade, toda a situação era orquestrada pela vizinha Edith Swan Olivia Colman), que buscava manchar a reputação de Rose e puni-la por seu comportamento que destoava das normas sociais esperadas.

“Pequenas Cartas Obscenas” é um filme bem escrito, que apresenta atuações inteligentes e é desenvolvido de maneira intrigante, mantendo o espectador sempre alerta aos novos desdobramentos da trama. A narrativa habilidosamente mescla elementos de humor e drama, criando uma experiência envolvente e reflexiva, ao mesmo tempo em que explora questões sociais relevantes, como preconceito e a luta pela justiça. O filme não apenas retrata um escândalo peculiar, mas também evidencia a força e a resiliência das mulheres que se uniram em defesa de uma entre elas, transformando uma história de injustiça em uma celebração da solidariedade feminina.


Filme: Pequenas Cartas Obscenas
Direção: Thea Sharrock
Ano: 2023
Gênero: Mistério/Comédia/Drama
Nota: 9

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.