O filme que deu início à icônica franquia de ação com Tom Cruise e Emmanuelle Bért e levou milhões ao cinema agora está na Netflix Divulgação / Paramount Pictures

O filme que deu início à icônica franquia de ação com Tom Cruise e Emmanuelle Bért e levou milhões ao cinema agora está na Netflix

Esqueça qualquer necessidade de confrontação lógica se quiser aproveitar “Missão: Impossível”, o primeiro dos sete filmes baseados na série homônima criada por Bruce Geller (1930-1978) e exibida pela CBS entre 1966 e 1973, e contando. Como isto aqui é Brian De Palma, as entrelinhas importam muito mais que a história em si, o que não deixa de ser uma decisão acertada, se é que você me entende. “Missão: Impossível”, como sabe qualquer um que tenha assistido a todos os longas da franquia (e por mais de uma vez), só começa a ficar bom lá pelo quarto volume, quando em “Missão Impossível – Protocolo Fantasma” (2011), Brad Bird mostra Ethan Hunt correndo o risco de uma aposentadoria forçada (e desonrosa), perfazendo um drible de craque no lugar-comum. É o que De Palma tenta fazer, a seu modo, ao longo de 110 minutos, e não foi nada casual sua escolha para dirigir o abre-alas de Hunt e sua trupe. Só mesmo ele e suas longas cenas de ação sem palavras, em três lances bem específicos, para sintetizar a aura de questionável liberdade de um espião sempre à beira do precipício, literal e metaforicamente, selo de qualidade que, felizmente, perdurou. 

A primeira empreitada de Hunt é deter uma organização criminosa que tenta roubar um arquivo com as identidades reais e os codinomes de todos os agentes duplos dos Estados Unidos.Nessa guerra suicida, ele chega com Jim e Claire Phelps, pai e filha, além de Sarah Davies, determinado a conseguir fotos que sirvam-lhe de prova depois. É aí que entram os tais clichês de que o roteiro de Bruce Geller, David Koepp e Steven Zaillian fazem o melhor uso que podem, e aos poucos o espectador absorve uma avalanche deóculos com câmeras e microfones ocultos, carros que explodem sem prévio aviso e corpos que caem do azul.

Um convescote diplomático em Praga coroa essa balbúrdia, maneira encontrada pelo diretor para abreviar a pletora de cavalos de pau do primeiro ato, com direito a bandidos usando máscaras de látex e a subtração do arquivo que movimenta esse prólogo frenético, durante o qual Tom Cruise lidera um elenco coeso, com espaço o bastante para Jon Voight e Emmanuelle Béart, passando por Kristin Scott Thomas, e, claro a Max de Vanessa Redgrave e Jean Reno na pele de Franz Krieger, um piloto de helicóptero defenestrado da Força Missão Impossível que se volta contra o ex-colega. Luther Stickell, o agente que tem acesso quase exclusivo ao dossiê preparado pela CIA com os podres do alto escalão do governo americano, explica com método boa parte da evolução da narrativa pelas três décadas que se passariam, e Ving Rhames também não deixa de imprimir personalidade uma das grifes mais longevas e bem-sucedidas do cinema, algo de que Brian De Palma entende como ninguém.


Filme: Missão Impossível
Direção: Brian De Palma
Ano: 1996
Gêneros: Ação/Thriller
Nota: 8/10