É crédito ou débito?

É crédito ou débito?

Fui pagar uma conta em um restaurante e saquei o cartão.

O cara fez a pergunta de costume:

— Crédito ou débito?

— Crédito — Respondi.

E o cara mandou um débito.

Acontece muitas vezes. Nem sempre é culpa do garçom, mas é que as duas palavras são muito parecidas.

O problema é que, quem bolou esse esquema foi gente que trabalha em banco e essa turma não tem a menor noção do que acontece na vida real, fora da Faria Lima e da Dias Ferreira.

Por que um sistema de duas opções tem que ter palavras tão parecidas? As duas terminam da mesma maneira, “ito”, que é muito parecido com o sufixo “ite” que designa infecções, como rinite, pancreatite e outros Tites. Talvez “ito” seja um sufixo parente de “ite”, mas que se refere a uma inflamação específica na conta corrente.

Quando uma pessoa faz alguma operação financeira que termina em “ito”, as suas contas correntes vão ficando cada vez mais vermelhas, como se fosse uma inflamação.

Mas o problema está nas duas sílabas iniciais de crédito e débito, que são muito parecidas, “cré” e “dé”. Se a gente fala baixinho não há como perceber qual a gente quer.

Por isso, estou propondo aqui mudar o nome dessas operações financeiras para palavras que sejam completamente diferentes entre si.

Uma primeira opção mais simples seria mudar a vogal, em vez de crédito, cródito e em vez de débito, díbito, por exemplo. Talvez não seja uma boa ideia porque admito que são duas palavras horrorosas, piores até que as originais. Então porque não mudar para palavras bem diferentes mesmo.

Eu vou fazer uma sugestão: fica estabelecido que se você quer pagar no crédito você fala “cachorro” e se for “débito, fala “gato”. Imagina a cena:

— É gato ou cachorro? — pergunta o garçom.

— Cachorro.

Não dá pra confundir! Nem se você falar bem baixinho.

Daria até para criar maneiras divertidas de responder: crédito você late, débito você mia.

Tudo bem, você pode achar essa ideia ridícula, mas então sugira outras palavras, pode até usar o sufixo “ito”, só tem que ser palavras bem diferentes, a prova de confusão. Só não dá mais para manter crédito e débito!