No turbilhão dos anos 1920, as revistas pulp, produzidas em papel de celulose barato, abriram espaço para narrativas intensas e inovadoras, unindo o clima sombrio do noir, o surreal do fantástico e a dinâmica da ficção científica. Nesses periódicos econômicos e acessíveis, surgia um personagem enigmático: Zorro, concebido por Johnston McCulley em 1919. De imediato, o justiceiro mascarado conquistou a cultura popular, protagonizando aventuras tanto nas páginas das revistas quanto nas telas do cinema mudo, onde Douglas Fairbanks trouxe o personagem à vida.
Ao longo da década seguinte, Zorro evoluiu de um vigilante solitário para uma figura multifacetada que oscilava entre o humor leve e a brutalidade heroica. Em “A Máscara do Zorro”, Martin Campbell explora uma faceta inesperada desse anti-herói, com um roteiro de Ted Elliott e Terry Rossio que aprofunda o lado trágico de Zorro, agora um homem marcado por anos de cárcere e em busca de alguém que possa dar continuidade ao seu legado nas terras da Califórnia do século 19.
Após duas décadas na prisão, Don Diego de la Vega emerge à procura de propósito e de um sucessor digno. Carregado de uma determinação quase insana, ele acredita que sua jornada de incertezas está chegando ao fim. Para ele, não há uma recompensa idílica, mas sim a chance de recomeçar, enfrentando desafios e oportunidades. Embora a lógica sugira cautela, o coração de Don Diego pulsa com uma esperança renovada, aquela sensação indescritível que precede os momentos de vitória, incitando-o a expressar uma felicidade há muito reprimida. Na figura de Alejandro Murrieta, ele vê o potencial para essa continuidade; o jovem destemido busca vingar a morte do irmão, e juntos, eles assumem uma missão que ressignifica o símbolo de Zorro.
Nesse enredo eletrizante, Anthony Hopkins e Antonio Banderas brilham em cenas que mesclam ação com humor e romance, enriquecidas pela presença da intrigante Elena, interpretada por Catherine Zeta-Jones. A Califórnia do século 19 ganha vida através da cinematografia de Phil Meheux e da ambientação detalhada de Michael Atwell e Ernie Merlan, oferecendo ao espectador uma viagem visual e emocional para uma época onde justiça e vingança ainda eram decididas ao fio da espada. “A Máscara do Zorro” é, assim, uma celebração de bravura e legado, uma fábula épica sobre coragem e renovação que não deixa de cativar com seu espírito indomável e energia.
Filme: A Máscara do Zorro
Direção: Martin Campbell
Ano: 1998
Gêneros: Aventura/Ação
Nota: 8/10