De diretor sul-africano mais aclamado da atualidade, Neill Blomkamp, filme com Hugh Jackman e Sigourney Weaver está na Netflix Stephanie Blomkamp / AP

De diretor sul-africano mais aclamado da atualidade, Neill Blomkamp, filme com Hugh Jackman e Sigourney Weaver está na Netflix

Neill Blomkamp, um diretor sul-africano reconhecido por seu estilo visual e narrativas intensas, alcançou projeção global com o inovador “Distrito 9”. Com uma filmografia que inclui curtas e longas-metragens, suas obras mais notáveis foram lançadas em sequência: “Distrito 9” (2009), “Elysium” (2013) e “Chappie” (2015). Inicialmente, “Chappie” foi concebido como o primeiro filme de uma trilogia; no entanto, a modesta arrecadação de bilheteria — cerca de 102 milhões de dólares, contra um orçamento de 50 milhões — levou ao abandono dos planos para continuações. Curiosamente, o roteiro foi escrito em apenas duas semanas, durante a produção de “Elysium”.

No enredo de “Chappie”, acompanhamos Deon (Dev Patel), engenheiro da Tetravaal, empresa responsável pela criação de robôs policiais altamente eficazes. Paralelamente ao seu trabalho, ele desenvolve uma inteligência artificial avançada, capaz de emular emoções humanas. Após ver seu projeto recusado pela chefe (Sigourney Weaver), Deon toma peças de um robô danificado para implementar sua criação. No entanto, no caminho, ele é capturado por um trio de marginais: Ninja e Yo-Landi Visser (membros da banda Die Antwoord) e Yankie (Jose Pablo Cantillo), que planejam um grande roubo e veem em Deon uma possibilidade de desativar os robôs que os ameaçam.

Embora Deon esclareça que não há uma forma de desligar os robôs, ele propõe que seu novo protótipo — que batiza de Chappie — poderia ser treinado para auxiliar no roubo. Chappie é, no entanto, como uma criança: vulnerável, ingênuo e totalmente dependente de orientação. Enquanto os bandidos tentam moldá-lo para a vida criminosa, Deon busca orientá-lo para valores como bondade e compaixão, criando um embate ético e moral que se torna o eixo emocional do filme.

Apesar das expectativas, “Chappie” não obteve o sucesso desejado e enfrentou críticas intensas, muitas relacionadas à presença de Ninja e Yo-Landi, cuja reputação controversa — marcada por acusações sérias e uma série de escândalos — se sobrepôs à narrativa. A relação entre os dois e o diretor, que parecia inicialmente promissora, deteriorou-se, com ambos ausentes de campanhas promocionais e distantes dos eventos ligados ao filme.

Após o lançamento de “Chappie”, a carreira de Blomkamp sofreu um revés inesperado. Um convite anterior de Ridley Scott para dirigir a sequência de “Alien” foi retirado, deixando o cineasta profundamente frustrado com o súbito cancelamento sem explicações da Fox. Tal decisão marcou um ponto difícil para Blomkamp, que viu seu sonho de expandir a franquia alienígena ruir sem motivo claro.

Apesar das críticas negativas, “Chappie” consegue emocionar ao retratar a inocência e a sensibilidade artificial sendo desfiguradas pela brutalidade humana. A criação de Deon não é apenas um robô inteligente, mas um ser que sente, fiel e capaz de amar. Essa discussão, que remonta a clássicos como “Blade Runner”, é abordada aqui de forma direta, sem os tons sombrios e distantes da ficção científica tradicional. Ao colocar em xeque o impacto do ambiente sobre o indivíduo, “Chappie” se revela uma experiência acessível e sincera, capaz de tocar aqueles que têm empatia e sensibilidade para enxergar sua mensagem mais profunda.


Filme: Chappie
Direção: Neil Blomkamp
Gênero: Ação / Policial / Drama
Nota: 9/10