“Ambulância — Um Dia de Crime”, disponível na Netflix, destaca-se como uma das produções mais extravagantes já vistas no panorama cinematográfico. Dirigido por Michael Bay, o longa-metragem, uma versão ampliada do original dinamarquês de Laurits Munch-Petersen de 2005, transporta o público para uma narrativa intensa e tecnologicamente sofisticada, sem perder de vista o conflito moral central que permeia a trama.
A história gira em torno de Will Sharp, interpretado por Jake Gyllenhaal, um veterano de guerra que retornou das missões no Afeganistão apenas para enfrentar um novo campo de batalha: a luta desesperada pela sobrevivência de sua esposa, Amy, interpretada por Moses Ingram. Amy enfrenta um câncer raro e incurável, e os custos exorbitantes de um tratamento experimental colocam Will em uma posição sem saída financeira. Incapaz de arcar com os 231 mil dólares necessários para a cirurgia que poderia ser sua última esperança, Will vê-se forçado a recorrer a Danny, seu irmão adotivo, vivido por Yahya Abdul-Mateen II, um empresário envolvido em negócios ilícitos.
A dinâmica entre os irmãos Sharp é explorada de forma profunda, revelando camadas de ressentimento e lealdade que adicionam complexidade à trama. A decisão de participar de um assalto audacioso ao banco mais movimentado de Los Angeles marca o início de uma sequência de eventos caóticos, onde tecnologia avançada, como drones e carros de luxo modificados, se entrelaçam com a tensão humana.
Desde o início, o filme estabelece um ambiente de suspense palpável. Uma senhora entra no elevador com a quadrilha momentos antes das portas se fecharem, prenunciando a precisão e o timing crucial que definem o desenvolvimento do roubo. No banco, a tensão aumenta quando Zach, um policial interpretado por Jackson White, percebe irregularidades e decide investigar, levando a um confronto inevitável que desencadeia uma série de reviravoltas imprevisíveis.
A presença de personagens secundários, como Kim Daniels, uma caixa com quem Zach mantém um flerte platônico, e Kayli Tran, cuja decisão de iniciar um tiroteio inadvertidamente atrai a atenção da SWAT, adiciona camadas de intriga e ação à narrativa. Essas interações são habilmente orquestradas pelos roteiristas Lars Andreas Pedersen e Chris Fedak, que conseguem manter a coerência e a fluidez da história mesmo nas cenas mais intensas.
A perseguição subsequente é uma demonstração magistral da direção de Bay, combinando cenas de alta velocidade com estratégias de filmagem inovadoras, capturadas por microaeronaves que proporcionam ângulos únicos e dinâmicos. A exaustão física e emocional dos protagonistas é transmitida de forma contundente, especialmente nas cenas finais, onde Will e Danny enfrentam a polícia implacável, liderada pelo capitão Monroe, interpretado por Garret Dillahunt.
Eiza González, no papel de uma paramedica que se alia a Zach durante o clímax, traz uma presença robusta e emocionalmente ressonante, destacando-se em meio à ação frenética. Sua evolução desde “Eu Me Importo” (2020), de J Blakeson, é evidente, adicionando profundidade ao seu personagem e enriquecendo a dinâmica do grupo.
“Ambulância — Um Dia de Crime” não é apenas um espetáculo de ação; é uma exploração das tensões humanas diante de situações extremas. Através de uma combinação de efeitos visuais deslumbrantes, desenvolvimento de personagens robusto e uma narrativa que equilibra habilmente moralidade e adrenalina, o filme de Michael Bay eleva o conceito original a novos patamares, mantendo-se fiel aos dilemas éticos que o sustentam.
Em suma, a produção se destaca como uma obra cinematográfica robusta, que satisfaz tanto os aficionados por ação quanto aqueles que buscam uma narrativa rica em conteúdo emocional e moral. “Ambulância — Um Dia de Crime” é, sem dúvida, uma adição marcante ao gênero, demonstrando a habilidade de Bay em criar filmes que são tanto visualmente impressionantes quanto profundamente envolventes.
Filme: Ambulância — Um Dia de Crime
Direção: Michael Bay
Ano: 2022
Gêneros: Ação/Thriller
Nota: 8/10