As expectativas sociais nos acompanham e nos pressionam desde a infância, criando uma constante ansiedade sobre nossas conquistas. Desde o momento em que nascemos, somos submetidos a uma série de expectativas e prazos: precisamos aprender a sentar, engatinhar, andar, falar, comer e desfraldar. A pressão social continua a nos seguir conforme crescemos, seja para tirar boas notas, passar de ano, nos formar, ingressar na faculdade, iniciar um relacionamento sério, casar, ter filhos e, claro, alcançar sucesso profissional. Parece que somente na aposentadoria conseguimos, enfim, um respiro, quando não há mais a necessidade de buscar promoções ou de pagar a última parcela da casa própria, ou ainda garantir que os filhos estejam formados na universidade.
No filme “Plus One”, escrito e dirigido por Jeff Chan e Andrew Rhymer, vemos essa pressão social é refletida na vida de Alice (Maya Erskine) e Ben (Jack Quaid), dois amigos de longa data que chegaram aos trinta anos e enfrentam o desafio de lidar com uma agenda lotada de casamentos de seus amigos. Os trinta anos parecem marcar o limite imposto pela sociedade para que os solteiros encontrem o tão desejado “felizes para sempre”. Aqueles que ultrapassam essa idade sem estarem casados ou em um relacionamento sério são vistos, muitas vezes, como fracassados. Alice, que acabou de terminar um relacionamento com o namorado Nathan, só quer um tempo para se curar e se recuperar emocionalmente. Ben, por outro lado, está em busca da mulher ideal, alguém que corresponda à sua visão perfeccionista do amor.
Diante disso, Alice e Ben fazem um acordo: para evitar a constrangedora “mesa dos solteiros” nos casamentos que são obrigados a frequentar, um será o acompanhante do outro. Alice convence Ben de que essa é uma boa ideia, sugerindo que isso o ajudaria a conhecer outras mulheres durante os eventos. Para Alice, o acordo oferece a vantagem de poder manter-se solteira sem a pressão de ser questionada sobre sua vida amorosa. Por um tempo, o plano parece funcionar perfeitamente. No entanto, à medida que passam mais tempo juntos, a dinâmica entre eles começa a mudar, e logo os dois se veem envolvidos em algo mais do que uma simples amizade.
“Plus One” é uma bela crônica sobre como o amor pode surgir nos momentos e lugares mais inesperados. A proximidade entre Alice e Ben parecia indicar que eles jamais se veriam como possíveis parceiros românticos. Mas o amor, como já cantou Nando Reis, “pode estar do seu lado”, e quando menos se espera, ele pode florescer nas situações mais improváveis.
Com uma pegada de produção independente, “Plus One” é uma comédia romântica que foge do convencional, com baixo orçamento, mas muita qualidade em termos de direção, produção e atuação. Sem contar com grandes estrelas de Hollywood no elenco, o filme surpreende ao entregar uma narrativa cativante e divertida para jovens adultos, abordando questões sobre amor, relacionamentos e as pressões sociais de maneira honesta e reflexiva. O charme de “Plus One” está justamente na simplicidade com que trata temas universais, com diálogos autênticos e uma abordagem realista. Ao longo de uma hora e meia, o filme proporciona risadas e momentos de reflexão, sem cair nos clichês habituais do gênero.
Disponível na plataforma Max, “Plus One” é uma daquelas comédias românticas que, apesar de não ter a visibilidade de grandes produções, merece ser descoberta. Com humor afiado, personagens relacionáveis e uma trama que fala sobre as complexidades do amor contemporâneo, o filme é uma agradável surpresa que entrega diversão, emoção e uma boa dose de reflexão sobre as expectativas sociais que nos rodeiam.
Filme: Plus One
Direção: Jeff Chan e Andrew Rhymer
Ano: 2019
Gênero: Comédia/Romance
Nota: 8