Eu não sou especialista em Tolkien, embora ame suas histórias, e não posso falar como uma representante dele. No entanto, como espectadora de suas obras, continuo acreditando que Gandalf é o grande protagonista da Terra-média. Finalmente, em “Os Anéis do Poder”, esse protagonista se revelou. O Istar, que muitos acreditavam ser Saruman, finalmente recebeu seu nome: Grande Elfo; Gandalf; ou, como descreve a etimologia do nome, “elfo com uma varinha”.
Você pode dizer que “O Hobbit” é sobre Bilbo Bolseiro e que “O Senhor dos Anéis” é sobre Frodo. Tudo bem, eu entendo isso. Mas, no fundo, nenhum deles teria se movido para fora do Condado sem a influência de Gandalf, que não só articulou todos os eventos dos livros, atuando como a força catalisadora da saga, como também foi um líder capaz de reunir todos os povos — hobbits, anões, elfos e homens — para destruir Sauron. Gandalf é fenomenal.
Suas falas são as mais icônicas dos livros, filmes e séries, trazendo as reflexões mais relevantes. É ele quem enxerga o que ninguém mais vê: “não são grandes poderes que destroem o mal, mas pequenos gestos de bondade”. Gandalf percebe que poderia reunir toda a força bélica élfica, humana e anã. Poderia unir todas as autoridades e os seres mais poderosos da Terra-média, mas o mal só seria vencido com a pureza, a bondade e a alegria de um simples hobbit. É um coração puro que freia o mal do mundo.
E o Istar de Daniel Weyman se apresenta ao mundo de forma misteriosa. Ele está fraco e confuso, mas rapidamente faz amizade com os pés peludos, antepassados dos hobbits, demonstrando sua forte conexão com eles desde o princípio de sua vida mundana. Se não fosse a bravura e o senso de justiça de Nori (Markella Kavenagh) e Poppy (Megan Richards), ele não conseguiria encontrar a si mesmo e se livrar das garras do Mago Sombrio (Ciarán Hinds), cuja identidade ainda não foi revelada.
Sabe-se que há cinco magos no universo de Tolkien: Saruman, Gandalf e Radagast, que já apareceram nos filmes de Peter Jackson e foram mais explorados nas tramas de Tolkien, e dois magos azuis, Alatar e Pallando, que quase não são mencionados. Os roteiristas afirmaram que é pouco provável que o Mago Sombrio seja Saruman, já que, mais tarde, ele e Gandalf se tornam “amigos”. As teorias indicam que seria mais prudente pensar que o Mago Sombrio é um dos magos azuis.
A segunda temporada da série do Prime Video teve um custo de cerca de 450 milhões de dólares, somando mais de um bilhão de custo das duas temporadas, se consolidando como a mais cara da história. Ao final dessa segunda etapa, a Terra-média perde dois importantes personagens que sucumbem ao poder dos anéis: Celebrimbor, que foi enganado por Sauron que assumiu a figura de Annatar, manipulando-o a forjar os anéis, convencendo-o de que apenas os anéis uniriam todos os povos para vencer o mal e salvar a Terra-média.
Annatar promete a Celebrimbor que ele será o “Senhor dos Anéis” e que essa conquista o tornará eternamente celebrado. No fim, Celebrimbor rejeita o título e o entrega a Annatar como quem profetiza uma maldição; afinal, Sauron se torna escravo de sua própria ambição e, consequentemente, passa a ser movido pelo Anel, o que o levará à completa ruína apresentada em “O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei”, quando Frodo destrói o Anel na Montanha da Perdição, selando o fim do vilão. O fim de Celebrimbor é triste. Ele sucumbe junto com sua cidade, Eregion, que é destruída na guerra contra os orcs.
Outro personagem importante que perdemos é o Rei Durin III (Peter Mullan), que também é seduzido pelo anel feito por Celebrimbor a pedido de Sauron, escavando a Montanha Solitária (ou Erebor) tão fundo que acaba libertando um Balrog, uma figura bestial e demoníaca, envolta em sombras e fogo. Conhecemos este monstro como aquele que Gandalf confronta com a famosa frase: “Você não passará!”. Durin morre para salvar seu filho, o Príncipe Durin IV (Owain Arthur), do Maiar.
Ainda assistimos a um último confronto entre Galadriel (Morfydd Clark) e Sauron (Charlie Vickers). Os dois, desde a primeira temporada, firmaram uma conexão muito forte, quando ela o conhece como prisioneiro em Numenor e o ajuda a se libertar. Ele consegue enganá-la, mas não corrompê-la, transformando-a em uma de suas principais rivais e crucial para vencê-lo na Terra-média.
Nesta segunda temporada, experimentamos visuais de tirar o fôlego, mesmo que influenciados pela estética de Peter Jackson, que não tem relação com a produção da série. Mesmo assim, a qualidade dos efeitos e a qualidade visual são surpreendentes. Enquanto a primeira temporada é mais arrastada e tende a desenvolver melhor os personagens e suas relações, a segunda envolve mais cenas de ação, aventuras e combates, proporcionando um espetáculo de efeitos grandiosos e primorosos.
Série: Os Aneis do Poder
Criadores: Patrick McKay e John D. Payne
Ano: 2022-atual
Gênero: Aventura/Épico/Fantasia
Nota: 10