Proibido para cardíacos: remake de thriller de ação norueguês com Liam Neeson está na Netflix

Proibido para cardíacos: remake de thriller de ação norueguês com Liam Neeson está na Netflix

Liam Neeson parece ter consolidado uma marca pessoal em Hollywood. Suas atuações frequentemente o colocam no papel de um homem obstinado pela vingança, que, apesar de sua aparência comum, revela-se um personagem letal, implacável em sua busca por justiça. Em “Vingança a Sangue Frio”, o ator retoma esse arquétipo ao interpretar Nel Coxman, um pacato operador de trator de neve na pequena cidade de Kehoe, Colorado. Sob a fachada de cidadão exemplar, Nel embarca em uma violenta cruzada contra uma rede de traficantes, motivado pelo assassinato brutal de seu filho.

Lançado em 2019, o longa é uma versão americana do filme norueguês “O Cidadão do Ano” (2014), também dirigido por Hans Petter Moland. Neeson, à época, havia declarado que este seria seu último filme de ação. No entanto, desde então, o ator continuou a estrelar diversas produções no mesmo estilo, reforçando o estigma que o acompanha em sua carreira recente.

No enredo de “Vingança a Sangue Frio”, Nel Coxman, honrado como “cidadão do ano” em sua comunidade, vê sua vida virar de cabeça para baixo quando seu filho Kyle (interpretado por Micheál Neeson) é assassinado. Movido pela dor e pela raiva, Nel inicia uma caçada implacável contra os responsáveis pelo crime, subindo degrau por degrau na hierarquia do tráfico até confrontar Trevor ‘Viking’ Calcote (Tom Bateman), o chefe por trás do sequestro e assassinato.

“O Cidadão do Ano” foi uma produção modesta, elogiada pela crítica em seu lançamento, apesar dos recursos limitados. Ao ser convidado para refilmar sua obra nos Estados Unidos, Moland viu a oportunidade de levar sua história a outro patamar, com um elenco de peso, incluindo Neeson e a vencedora do Oscar Laura Dern. Moland admite que a regravação visou mais ao sucesso comercial do que ao artístico, com orçamento consideravelmente maior em relação ao original, permitindo uma produção grandiosa. A transposição para o cenário americano e a adaptação da trama para o público local resultaram em uma espécie de “western” ambientado no inverno gelado de Kehoe.

Por trás da ação desenfreada que caracteriza o filme, há camadas mais profundas que podem ser exploradas, especialmente no que diz respeito à paternidade. O enredo contrasta dois pais com estilos de vida e valores opostos. De um lado, Nel é o cidadão comum, com uma vida simples e uma relação afetuosa com o filho. Do outro, Viking é um chefão do crime, que, embora ame seu filho, exerce sobre ele uma influência intimidadora e autoritária.

O pequeno Ryan (Nicholas Holmes), filho de Viking, ao passar um tempo com Nel, experimenta o que significa ter um pai protetor e afetuoso, uma dinâmica completamente diferente da que ele vive com seu próprio pai. Além disso, a questão da vingança é central na narrativa, levantando a reflexão sobre o real valor desse tipo de justiça pessoal e os custos que ela impõe a quem a persegue.

Com uma abordagem que vai além da simples ação, “Vingança a Sangue Frio” tenta, em seus momentos mais sutis, trazer à tona essas questões humanas e morais, enquanto entrega ao público o entretenimento violento e catártico que se espera de um filme de vingança.


Filme: Vingança a Sangue Frio
Direção: Hans Petter Moland
Ano: 2019
Gênero: Ação/Comédia/Policial
Nota: 8/10