Um dos melhores remakes da história do cinema, filme indicado a 290 prêmios e vencedor do Oscar está no Prime Video Divulgação / Warner Bros.

Um dos melhores remakes da história do cinema, filme indicado a 290 prêmios e vencedor do Oscar está no Prime Video

Refilmar uma história já contada três vezes ao longo do século 20 pode parecer desnecessário, mas Bradley Cooper encontrou uma razão convincente para trazer “Nasce uma Estrela” de volta aos cinemas. Sua versão consegue não apenas se adequar aos avanços tecnológicos, mas também conquistar público e crítica, renovando a trama com sutileza e relevância.

A história que Cooper revisita, sobre um artista experiente que se envolve romanticamente com uma jovem talentosa enquanto a ajuda a alcançar o estrelato, passa pelas versões anteriores de William A. Wellman, de 1937; George Cukor, de 1954; e Frank Pierson, de 1976. No entanto, Cooper consegue imprimir uma nova identidade à trama, sem perder a essência do relacionamento intenso entre os protagonistas, que continua sendo o coração pulsante da narrativa.

O roteiro, assinado por Cooper, Eric Roth e Will Fetters, eleva a história a um nível quase épico ao explorar as nuances emocionais desses dois personagens profundamente distintos. Cada um, à sua maneira, lida com suas fragilidades e aspirações, o que torna o enredo mais autêntico e capaz de captar a vida em sua forma mais crua, sem sacrificar a delicadeza que permeia o filme.

A trama começa com Jackson Maine, um cantor country veterano e em decadência, afogando suas frustrações em um bar após mais uma apresentação. Jack, já sem grandes expectativas na carreira, ocupa seu tempo observando novos talentos. É nesse cenário que ele conhece Ally, uma ex-funcionária de boate e agora garçonete, que logo chama sua atenção.

Interpretando esse artista à beira do colapso, Cooper domina boa parte do primeiro ato, mas cede o palco no momento certo para Lady Gaga brilhar, especialmente em sua interpretação emocionante de “La Vie en Rose”, clássico de Édith Piaf. O encontro entre Jack e Ally vai além da troca de olhares; Jack, ao reconhecer o talento excepcional de Ally, decide se aproximar, impulsionado mais por um senso de orgulho do que por simples vaidade. Ele inicia uma música, e a partir daí, Ally não consegue mais tirar Jack da cabeça. A atração entre os dois cresce, com Jack se revelando um homem complexo: ao mesmo tempo arredio e gentil, ele oferece a Ally uma espécie de acolhimento desajeitado, mas sincero.

Como diretor e ator, Cooper demonstra um domínio impressionante das duas funções. “Nasce uma Estrela” revela seu talento para equilibrar essas responsabilidades, algo que ele repetiria com habilidade em “Maestro” (2023). Neste último, Cooper explora de maneira sensível a vida íntima e a carreira de Leonard Bernstein, com uma direção ambiciosa, embora às vezes excessiva. O cuidado com detalhes técnicos, como os figurinos de Mark Bridges e a fotografia de Matthew Libatique, também chama atenção.

Falando em Libatique, sua fotografia é novamente um dos pontos altos em “Nasce uma Estrela”. Ele utiliza uma paleta de cores que reflete as oscilações do relacionamento entre Jack e Ally, alternando entre tons calorosos e sombrios conforme os personagens se aproximam ou se distanciam. Além disso, as atuações coadjuvantes, como a de Sam Elliott no papel de Bobby, trazem camadas adicionais à trama, fortalecendo o vínculo entre os protagonistas.

Mais do que uma demonstração de ego, o filme é uma celebração do trabalho colaborativo, especialmente no que se refere à música, que permeia toda a narrativa. “Nasce uma Estrela”, disponível no Prime Video, é um exemplo claro de uma equipe que acredita no que faz, e essa paixão é palpável em cada cena. O filme mostra que, seja você uma estrela ou alguém comum, a dedicação ao que se ama é o que realmente importa.


Filme: Nasce Uma Estrela
Direção: Bradley Cooper
Ano: 2018
Gêneros: Romance/Musical
Nota: 8/10