Comédia de ação com Filip Berg, na Netflix, é o melhor filme sueco de 2024 até agora Divulgação / Netflix

Comédia de ação com Filip Berg, na Netflix, é o melhor filme sueco de 2024 até agora

Não é possível prever se Ingmar Bergman aprovaria “Prisioneiro do Caos”, mas o longa de Jon Holmberg carrega em si o espírito do cinema sueco contemporâneo, com suas ambições explícitas. A trama, criada por Holmberg e Tapio Leopold, gira em torno de um homem comum que, de repente, vê-se envolvido numa sequência de crimes que foge totalmente à sua rotina. Embora o destino não acometa a todos de forma tão brutal, esta comédia sombria explora a corrupção policial mesmo nas nações mais avançadas, propondo uma análise incômoda sobre como reagimos ao que o destino nos impõe.

À medida que avançamos na vida, fica evidente que ela é composta por desafios sucessivos. A cada etapa superada, novas provas surgem, transformando esses obstáculos em parte de nossa própria essência, desenvolvendo em nós a capacidade de lidar com a incerteza que permeia tudo. Os planos mais simples são esmagados, os valores que temos se desmancham diante de uma força imprevisível e violenta, que insiste em impor sua presença sombria, bloqueando qualquer esperança de estabilidade ou controle sobre o que consideramos valioso.

A narrativa começa com Conrad Rundqvist, um vendedor de eletroeletrônicos, aceitando um trabalho extra na casa de Miriam Stanković, esposa de um mafioso do Leste Europeu. Enquanto Conny instala uma TV, o marido de Miriam é assassinado, mas ele permanece alheio, isolado pelo fone de ouvido que estava testando. Antes disso, ele havia atendido, disfarçado, Diana, uma policial incorruptível, e após o crime na casa de Miriam, seus destinos se entrelaçam. Diana representa a honestidade dentro da polícia, mas Helena Malm, a antagonista, mostra como a corrupção pode contaminar tudo ao seu redor, revelando-se extremamente perigosa.

Holmberg não deixa de inserir cenas de ação dinâmicas, equilibrando-as com momentos de sutileza semântica, que reforçam o perfil estoico do protagonista. Filip Berg conduz o enredo com uma atuação magnética, enquanto Eva Melander e Amy Deasismont representam forças opostas em sua trajetória. É curioso notar que o romance entre Conny e Diana só se concretiza na cena final, sugerindo a inclinação filosófica de Holmberg em seguir os princípios do estoicismo, uma clara referência a Zenão de Cítio, o fundador dessa escola de pensamento.


Filme: Prisioneiro do Caos
Direção: Jon Holmberg
Ano: 2024
Gêneros: Comédia/Ação
Nota: 8/10