Vale a pena ficar em casa para assistir: o filme de Chris Pine que levou 50 milhões de pessoas aos cinemas Divulgação / Paramount Pictures

Vale a pena ficar em casa para assistir: o filme de Chris Pine que levou 50 milhões de pessoas aos cinemas

Adaptações de jogos para o cinema sempre enfrentam um certo preconceito, principalmente entre aqueles que nunca se interessaram pelos mundos de dados, cartas ou personagens épicos com espadas de plástico e poções mágicas. “Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes” não foge dessa regra, mas os diretores Jonathan M. Goldstein e John Francis Daley assumem o risco de atrair esse público diverso, apostando fortemente em um espetáculo visual repleto de cenas elaboradas com efeitos especiais. Mesmo com uma aura de artificialidade que por vezes compromete a imersão, o enredo despretensioso aumenta as chances de conquistar um público amplo, levando os diretores a explorarem uma adaptação fiel à essência do RPG de fantasia, ao mesmo tempo em que remoldam a narrativa para uma linguagem cinematográfica moderna. Junto ao roteirista Michael Gilio, eles captam o espírito épico que os fãs do jogo original tanto valorizam, criando uma história que tenta equilibrar o respeito pela mitologia do jogo com a acessibilidade para os espectadores menos familiarizados com esse universo.

A trama acompanha Edgin Darvis, um ex-membro dos Harpistas, que leva uma vida aparentemente tranquila, enquanto sua amiga e fiel companheira Holga Kilgore está ocupada com atividades no quintal. Apesar da proximidade, eles nunca foram um casal, mas criam juntos Kira, filha de Edgin, após a trágica morte da mãe da garota, assassinada pelos Magos Vermelhos. Anos depois, o trio passa a ganhar a vida como ladrões, em busca de um amuleto que possa ressuscitar a mãe de Kira. No entanto, a situação se complica quando Forge Fitzwilliam, um antigo aliado de Edgin e Holga, os trai, denunciando-os às autoridades com a ajuda da perigosa maga vermelha Sofina. O caos domina a trama a partir daí, especialmente quando Edgin conhece Simon, um mago inseguro interpretado por Justice Smith. Chris Pine, sempre versátil, traz profundidade ao personagem de Edgin, um anti-herói que vai desvendando suas fragilidades à medida que a história avança. Pine equilibra bem a figura de um guerreiro robusto com a de um pai protetor, disposto a enfrentar monstros cuspidores de fogo para salvar sua filha. Chloe Coleman, no papel de Kira, consegue acompanhar a atuação de Pine, enquanto Michelle Rodriguez, no papel de Holga, evita o clichê da guerreira durona, trazendo sutilezas que revelam mais do que apenas sua força física. Já Hugh Grant, no papel de Fitzwilliam, demonstra que, apesar de seu talento, continua mais à vontade nas comédias românticas, onde seu charme funciona melhor.

Apesar de suas falhas, “Honra Entre Rebeldes” encontra seu lugar como um entretenimento que não se leva muito a sério, e talvez seja exatamente essa leveza que o torna mais atraente para uma audiência que não está necessariamente familiarizada com o universo de “Dungeons & Dragons”. Goldstein e Daley, amparados por um elenco empenhado e cenas de ação cativantes, conseguem oferecer uma experiência que, se não é memorável, ao menos diverte sem grandes pretensões. O equilíbrio entre a comédia, a ação e a fantasia se mantém presente ao longo da narrativa, o que contribui para que o filme se sustente como uma aventura digna de ser assistida, ainda que sem grandes expectativas de profundidade.


Filme: Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes
Direção: Jonathan M. Goldstein e John Francis Daley
Ano: 2023
Gêneros: Ação/Aventura
Nota: 7/10