No Top 10 da Netflix em 90 países, série de comédia romântica que dá para maratonar em apenas um dia Divulgação / Netflix

No Top 10 da Netflix em 90 países, série de comédia romântica que dá para maratonar em apenas um dia

Criada por Erin Foster, a série da Netflix “Ninguém Quer” apresenta Kristen Bell e Adam Brody nos papéis de Joanne e Noah, um casal improvável que se conhece durante a festa de uma amiga em comum. Embora venham de mundos distintos, suas personalidades, de certo modo, se complementam. Joanne, por exemplo, é coapresentadora de um podcast sobre sexo com sua irmã Morgan (Justine Lupe), onde discutem abertamente uma variedade de temas com uma abordagem irreverente. Noah, por outro lado, é um rabino que acaba de se separar de sua noiva de longa data, Rebecca (Emily Arlook), e ainda lida com as consequências emocionais desse rompimento.

Desde o início, Joanne e Noah estabelecem uma conexão emocional, mas o relacionamento enfrenta barreiras significativas. A mais evidente é a separação recente de Noah, que deixa amigos e familiares ainda fortemente ligados a Rebecca. O círculo social dele, principalmente composto por judeus praticantes, vê Joanne com desconfiança e a considera uma má influência sobre Noah, o que complica a aceitação dela no grupo.

Em contraste, os amigos e familiares de Joanne acolhem Noah de braços abertos, criando uma sensação de pertencimento para ele. No entanto, para Noah, convencer sua comunidade de que seu relacionamento anterior estava fadado ao fracasso e que suas escolhas atuais devem ser respeitadas se revela uma tarefa difícil. Além disso, sua iminente promoção a rabino principal corre o risco de ser comprometida pela relação com Joanne, que é vista como uma gentia — algo que não se encaixa nos padrões esperados para o papel.

Para Joanne, a pressão de se adaptar às expectativas religiosas e culturais de Noah é esmagadora. Ela não tem interesse em se converter ao judaísmo nem em assumir o estereótipo de uma esposa de rabino, cuja função seria inspirar e guiar espiritualmente os fiéis. Seu foco está em seu podcast e em manter sua autenticidade, marcada pela espontaneidade e pela indiferença em relação a convenções sociais mais tradicionais.

Ao longo de dez episódios de aproximadamente 30 minutos, “Ninguém Quer” equilibra comédia e romance enquanto explora os desafios de um relacionamento entre pessoas de culturas distintas. A série aborda de maneira leve as dificuldades enfrentadas por casais que precisam conciliar suas diferenças, enfatizando a importância da paciência, do respeito e da tolerância. À medida que a trama avança, o público acompanha as batalhas pessoais de Joanne e Noah para superar os obstáculos que ameaçam seu relacionamento.

Um dos pontos altos da série é o modo como lida com as tensões culturais e religiosas sem cair no desrespeito. As piadas são feitas com sutileza, sem ofender qualquer grupo, enquanto a narrativa destaca os desafios genuínos de navegar por diferentes tradições e crenças. A química entre Kristen Bell e Adam Brody também é um fator que contribui para o sucesso da produção, tornando suas interações ainda mais envolventes e cativantes.

“Ninguém Quer” consegue ser leve e divertida, sem deixar de tocar em temas complexos, como a pressão de se conformar às expectativas de uma comunidade religiosa ou o impacto de um relacionamento em esferas pessoais e profissionais. A série explora com inteligência os contrastes culturais que surgem entre Noah e Joanne, mas sempre com uma abordagem acessível e descomplicada, garantindo que o público se conecte facilmente com as dificuldades enfrentadas pelo casal.


Série: Ninguém Quer
Criação: Erin Foster
Ano: 2024
Gênero: Romance/Drama
Nota: 8

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.