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Imperdível: o filme que faturou R$ 6 bilhões e lotou cinemas com 171 milhões de espectadores chegou à Netflix

Entre os diretores mais renomados de Hollywood, Steven Spielberg ocupa um lugar de destaque, não apenas pela sua habilidade em transformar suas produções em sucessos estrondosos, mas também pela maneira como aborda histórias repletas de elementos fora do comum, muitas vezes beirando o absurdo. Seu toque característico é inserir uma camada de ciência que dá peso e verossimilhança às narrativas. Filmes como “E.T. O Extraterrestre” (1982) e “A.I. — Inteligência Artificial” (2001) exemplificam essa mistura, onde a fantasia ganha uma estrutura plausível, assim como as icônicas aventuras do arqueólogo mais carismático e aventureiro das telonas, retratado na série “Indiana Jones”.

Essas produções se somam a uma longa lista de trabalhos em que Spielberg brinca com o fantástico, mantendo um pé na realidade. “A Guerra dos Mundos” (2005), por exemplo, uma adaptação da obra homônima de H.G. Wells, traça um contraponto direto a “E.T.”, sugerindo que toda criatura alienígena de aparência estranha e hostil deve ser eliminada, tudo isso enquanto lança uma crítica sutil à violência entre os próprios seres humanos. No entanto, por mais que o nome de Michael Crichton esteja associado ao universo de “Jurassic Park”, muito pouco de suas ideias originais resiste intacto em “Jurassic World: Domínio”. Isso, porém, não é algo negativo, já que Colin Trevorrow opta por revigorar o mundo criado por Spielberg, trazendo novos personagens e histórias paralelas que ajudam a oxigenar a franquia e torná-la mais dinâmica.

O novo filme recupera, de maneira proposital, muitas das características visuais que tornaram o primeiro longa-metragem memorável. Mais uma vez, a câmera passeia pelas jaulas das espécies extintas, e a trilha sonora de Michael Giacchino consegue trazer à tona a nostalgia dos espectadores que assistiram ao original três décadas atrás. Em “Jurassic World — O Mundo dos Dinossauros” (2015), Claire Dearing, interpretada por Bryce Dallas Howard, se vê tentando salvar seus sobrinhos, ameaçados por um grupo de velocirraptores. Ainda que a cena não apresente algo inédito ou tecnicamente impecável, é a forma como o diretor e seus roteiristas, Emily Carmichael e Derek Connolly, constroem uma sequência de tensão crescente que prende a atenção. O mesmo cuidado é visto na inclusão de personagens queridos da trilogia original.

Ian Malcolm (Jeff Goldblum), Ellie Sattler (Laura Dern) e Alan Grant (Sam Neill) voltam a disputar espaço com os novos protagonistas, oferecendo ao público uma mistura de nostalgia e frescor. Já o personagem de Chris Pratt, Owen Grady, surge como o herói que a franquia sempre buscou, equilibrando carisma e ação. Além disso, ele levanta discussões éticas sobre as implicações da manipulação genética e a coexistência entre humanos e dinossauros, temas que permeiam “Jurassic World: Domínio”, ainda que sem o mesmo impacto que “Jurassic Park — Parque dos Dinossauros” teve em seu lançamento. No fim, a franquia continua a ser um exemplo de como grandes sagas tendem a referenciar a si mesmas, criando um círculo de expectativas e inovações moderadas que mantêm o público fiel e engajado.


Filme: Jurassic World: Domínio
Direção: Colin Trevorrow
Ano: 2022
Gêneros: Ação/Ficção científica
Nota: 8/10