O suspense “Paralisia”, roteirizado por Rowan Joffe e dirigido por Nour Wazzi, tenta criar uma narrativa densa e psicológica, centrada em quatro personagens cujas vidas se entrelaçam de forma destrutiva. Katherine (Famke Janssen), uma ex-atriz, está internada em estado crítico, incapaz de mover-se devido à síndrome do encarceramento, uma condição que a deixa consciente, mas completamente imobilizada, exceto pelo movimento de um dos olhos, que se torna sua única forma de comunicação com a enfermeira Mackenzie (Anna Friel).
A interação entre Katherine e Mackenzie, feita através de movimentos oculares, lembra casos reais, como o de Tracey Okines e Jean-Dominique Bauby, ambos diagnosticados com a mesma síndrome. Utilizando apenas os olhos, esses pacientes conseguiram escrever suas histórias, com a ajuda de assistentes que decodificavam suas piscadelas em letras do alfabeto. Esse método, embora incomum, é a única ponte entre Katherine e o mundo exterior, e é através dessas trocas que ela revela à enfermeira uma chocante tentativa de assassinato.
A narrativa, então, se desenrola em flashbacks, transportando o espectador a eventos passados. A trama nos leva até a mansão de Katherine em Saint Albans, onde, anos antes, ela vivia com seu enteado Jamie (Finn Cole), um jovem fragilizado por sérios problemas de saúde. Após a morte do pai, Katherine assumiu a responsabilidade de cuidar dele. Quando uma amiga de infância morre, ela decide adotar Lina (Rose Williams), a filha órfã da amiga, de idade semelhante à de Jamie.
Os dois jovens criam um laço de parceria e juram cuidar um do outro. Com o tempo, essa promessa evolui para um casamento, mas o que parece ser uma união amorosa rapidamente se revela opressiva para Lina. Presa em uma vida de renúncias, ela se vê cada vez mais limitada, assumindo o papel de cuidadora de Jamie, sem espaço para explorar suas próprias ambições e desejos. O relacionamento entre eles se deteriora, com Jamie recorrendo a chantagens emocionais para mantê-la ao seu lado, aproveitando-se de sua frágil condição de saúde para controlá-la.
Paralelamente, a relação de Lina com Katherine também degrada. Enquanto a jovem se sente sufocada pela vida na mansão, Katherine, por sua vez, teme que Lina possa tomar tudo o que ela ainda considera seu: a casa, o enteado e sua própria identidade. A tensão se intensifica quando Lina se aproxima do médico de Jamie, Lawrence (Alex Hassell), despertando suspeitas e ciúmes em Katherine.
O filme explora o colapso dessas relações através de intrigas e traições, com segredos emergindo a cada reviravolta. Porém, apesar das promessas de complexidade emocional, as motivações dos personagens parecem turvas, e o desenvolvimento de suas interações deixa a desejar. O que poderia ser uma análise profunda das dinâmicas de poder e vulnerabilidade entre eles acaba por se perder em um emaranhado de situações confusas. Embora “Paralisia” possa entreter, ele falha em surpreender ou provocar uma reflexão mais significativa, entregando uma experiência que, apesar de intrigante, carece de impacto duradouro.
Filme: Paralisia
Direção: Nour Wazzi
Ano: 2023
Gênero: Suspense
Nota: 7/10