Thriller de ação que ficou 112 dias no Top 10 mundial do Prime Video e também pode ser visto na Netflix Divulgação / Summit Entertainment

Thriller de ação que ficou 112 dias no Top 10 mundial do Prime Video e também pode ser visto na Netflix

O universo dos thrillers de ação ganhou novo fôlego com o surgimento de “John Wick” (no Brasil, “De Volta ao Jogo”). A trama, fruto da mente criativa de Derek Kolstad e conduzida pela direção precisa de Chad Stahelski, ambos com vasta experiência como dublês, trouxe um sopro de inovação ao gênero. O longa estabeleceu John Wick como um anti-herói de destaque, cuja popularidade perdura, e consolidou-se rapidamente como um marco do cinema de ação. A interpretação de Keanu Reeves foi decisiva nesse processo, pois ele não apenas incorporou o personagem, mas deu-lhe uma profundidade emocional rara em produções desse tipo.

A narrativa de “John Wick” segue a história de um assassino aposentado que, após abandonar a vida de crimes para viver ao lado de sua esposa, enfrenta a dor de sua perda. A morte dela desencadeia em Wick um luto devastador, mas um gesto final da esposa, a entrega de um filhote de cachorro para ajudá-lo a superar o sofrimento, traz um breve alento à sua solidão. Este vínculo emocional, representado pelo cão, torna-se o último elo de Wick com a vida que ele tentou reconstruir. Contudo, o destino o leva a um encontro inesperado e fatal com Iosef, filho de Viggo Tarasov, um dos chefes do crime organizado. A obsessão de Iosef pelo carro de Wick, um icônico Ford Mustang Mach 1 de 1969, e a recusa do protagonista em vendê-lo, acabam desencadeando uma série de eventos violentos.

A invasão à casa de Wick, comandada por Iosef e seus homens, resulta não apenas no roubo do carro, mas também no assassinato brutal do cãozinho. Esse ato cruel desperta em John uma fúria incontrolável, reacendendo seu instinto letal. A partir desse ponto, a trama se desenrola em uma espiral de vingança, com Wick determinado a punir aqueles que violaram sua paz. A notícia de sua reativação no submundo do crime se espalha rapidamente, causando pânico entre aqueles que conhecem sua reputação. Viggo, ciente do que seu filho provocou, tenta sem sucesso conter a tempestade de violência que se avizinha. Entretanto, John Wick, movido por um desejo de justiça pessoal, mostra-se imparável.

O filme segue então por uma sucessão de cenas de ação impecavelmente coreografadas, onde cada movimento é executado com precisão cirúrgica. As sequências de luta, projetadas para impressionar pela sua brutalidade e fluidez, destacam a destreza de Wick como combatente. Reeves, comprometido em trazer realismo ao personagem, participou de 90% das cenas de ação sem recorrer a dublês, incluindo perseguições de carros e confrontos corpo a corpo. Para isso, submeteu-se a um extenso treinamento que incluiu o domínio de jiu-jitsu brasileiro, técnicas avançadas de tiro e combate em ambientes fechados. Ele ainda se preparou com ex-militares e especialistas em artes marciais, garantindo uma execução quase perfeita de cada cena.

Outro elemento fundamental que eleva “John Wick” a um patamar superior dentro do gênero é a sua estética visual. A direção de fotografia de Jonathan Sela faz uso de uma paleta de cores em tons neon, combinada com uma iluminação dramática, que intensifica os contrastes entre luz e sombra, criando uma atmosfera noir contemporânea. Esse estilo visual não apenas complementa a narrativa, mas também reflete o ambiente sofisticado e ao mesmo tempo perigoso em que Wick circula. Cada detalhe, desde o figurino até os cenários, é cuidadosamente elaborado para reforçar a dualidade do protagonista — um homem elegante, mas letal.

“John Wick” transcende o simples filme de ação. A estética refinada, a narrativa envolvente e a execução técnica precisa, tanto no que diz respeito à coreografia das lutas quanto ao desenvolvimento dos personagens, fazem dele uma referência no cinema contemporâneo. Wick, com sua presença imponente e sua vingança implacável, é um símbolo moderno do anti-herói. O filme não apenas se destaca por suas cenas de combate, mas também pela construção de um universo visualmente rico e narrativamente sólido, que pavimentou o caminho para sua consagração entre os maiores clássicos do gênero de ação.


Filme: John Wick — De Volta ao Jogo
Direção: Chad Stahelski
Ano: 2014
Gênero: Ação/Suspense/Policial
Nota: 10