Mistério, crime e comédia se misturam na Netflix em um dos filmes mais engraçados e geniais da história do cinema Daniel McFadden / Warner Bros

Mistério, crime e comédia se misturam na Netflix em um dos filmes mais engraçados e geniais da história do cinema

Dois investigadores incomuns cruzam caminhos numa trama que equilibra humor, ação e mistério na Los Angeles dos anos 1970. Holland March, um detetive atrapalhado, mas esperto, se depara com um caso peculiar: a morte de uma atriz pornô, Misty Mountains, considerada um acidente de carro. No entanto, logo após a tragédia, a falecida é supostamente vista viva, levando March a seguir pistas confusas e a colaborar, de forma inesperada, com Jackson Healy, um brutamontes que também trabalha no caso. Juntos, essa dupla improvável enfrenta uma teia de crimes que se revela muito mais intricada do que imaginavam.

March, com a ajuda involuntária de sua filha de 13 anos, Holly, se encontra numa investigação em que as pistas vão de encontros casuais a segredos governamentais. Amelia, uma jovem atriz pornô em ascensão, desaparece, tornando-se uma peça essencial no quebra-cabeça do crime. A relação entre os dois detetives — March, desastrado mas afiado, e Healy, com força bruta, mas sem o mesmo raciocínio rápido — adiciona um elemento cômico à narrativa. O filme combina diálogos afiados e situações absurdas, capturando o espírito de uma comédia policial e de mistério, mantendo o espectador preso em uma narrativa inteligente e cheia de reviravoltas.

Com uma trama que evoca o estilo noir dos anos 1970, ao mesmo tempo em que se distancia do tom sombrio com diálogos irônicos e momentos hilários, o filme homenageia clássicos do gênero, mas acrescenta frescor ao enredo. A conexão entre os dois protagonistas, interpretados por Ryan Gosling e Russell Crowe, cria uma química singular, com Gosling trazendo um carisma excêntrico e Crowe, um peso físico e emocional que dá profundidade ao personagem. Embora o filme flerte com o humor, ele não deixa de lado o suspense, apresentando cenas de violência e nudez que trazem uma dose de realismo ao enredo.

As motivações dos personagens vão além de resolver o mistério central, pois o filme também explora a dinâmica de suas personalidades. A mistura de sarcasmo, tensão e reviravoltas mantém o espectador atento, enquanto a trama se desenvolve em camadas, revelando uma conspiração governamental que interliga os crimes aparentemente desconexos. A opção inicial dos roteiristas Shane Black e Anthony Bagarozzi de transformar a história em uma série de TV fica evidente no ritmo da narrativa, mas o formato de longa-metragem permitiu condensar a ação em um enredo ágil e satisfatório.

“Dois Caras Legais” não se restringe aos clichês de comédia policial e entrega uma narrativa rica em nuances. Crowe engordou propositalmente para trazer uma presença física mais robusta a seu personagem, uma decisão que enriquece a interação com o parceiro mais ágil, interpretado por Gosling. As piadas ácidas, junto com o estilo visual que remete aos filmes policiais dos anos 70, criam uma atmosfera única, enquanto a investigação dos detetives vai revelando uma verdade muito mais complexa do que o esperado.


Filme: Dois Caras Legais
Direção: Shane Black
Ano: 2016
Gênero: Policial / Comédia / Ação
Nota: 9/10