O último grande filme de Todd Haynes acaba de estrear na Netflix: a maior batalha jurídica do cinema contemporâneo Divulgação / Dreamworks Pictures

O último grande filme de Todd Haynes acaba de estrear na Netflix: a maior batalha jurídica do cinema contemporâneo

Na trama de Todd Haynes, o público acompanha uma história tensa, baseada em fatos reais, em Parkersburg, West Virginia. Tudo começa quando Wilbur Tennant (Bill Camp), um agricultor local, percebe algo errado em suas terras e procura Rob Bilott (Mark Ruffalo), um advogado ambientalista. Tennant acredita que a gigante química DuPont está poluindo suas terras e envenenando seu gado. Ao investigar, Bilott descobre uma realidade alarmante: a empresa despeja resíduos tóxicos que prejudicam a saúde da população e o equilíbrio ambiental da região.

O impacto é avassalador. Bilott se depara com o desaparecimento de rebanhos e a contaminação dos cursos d’água. Decidido a enfrentar a DuPont, o advogado inicia um longo e árduo processo judicial, acusando a empresa de agir com descaso e de colocar vidas em risco. O filme expõe as dificuldades de enfrentar uma corporação tão poderosa, que não hesita em usar seus vastos recursos para escapar de sua responsabilidade.

O conflito deixa de ser apenas um embate entre Bilott e a DuPont e se torna uma questão de sobrevivência e justiça para os moradores de Parkersburg e outras comunidades afetadas. Além da resistência externa, Bilott enfrenta a tensão dentro de seu próprio escritório, que teme os efeitos de enfrentar um gigante do setor químico.

No centro do escândalo está o ácido perfluorooctanóico, componente do teflon, uma substância durável e perigosa ao meio ambiente, com potenciais efeitos cancerígenos. A trajetória de Bilott se transforma em uma missão solitária, que põe em risco sua carreira e sua vida pessoal, enquanto ele busca responsabilizar a empresa que lucrou às custas da saúde pública.

Conforme o processo avança, as consequências da contaminação tornam-se evidentes: os casos de câncer aumentam, nascimentos de crianças com anomalias se multiplicam, e a comunidade enfrenta um ambiente devastado. A batalha contra a DuPont vai além da apresentação de provas, exigindo coragem para enfrentar uma gigante corporativa.

Para interpretar Bilott com realismo, Mark Ruffalo se encontrou diversas vezes com o verdadeiro advogado, absorvendo seu desgaste emocional. Com um orçamento de 11 milhões de dólares, “O Preço da Verdade” impressiona pelo comprometimento do elenco e a força da produção. Nomes como Anne Hathaway, Tim Robbins e Bill Pullman entregam uma narrativa que ultrapassa um simples drama jurídico, convidando a reflexões sobre o impacto de grandes empresas e a urgência de uma responsabilidade social.

A DuPont optou por não colaborar com a produção, mantendo-se distante do projeto, reforçando sua posição de antagonista na história. A obra aposta em um visual sóbrio e uma narrativa robusta, destacando a força de suas atuações e diálogos. Sem recorrer a grandes efeitos visuais, conquistou a crítica, alcançando 85% no Rotten Tomatoes, pela forma como trata questões relevantes e atuais.

O filme adota uma abordagem direta, focando no enredo e na complexidade emocional dos personagens. Mais do que relatar um caso jurídico, ele convida a uma reflexão necessária sobre o impacto de grandes corporações na vida de cidadãos comuns, trazendo à tona as consequências de práticas irresponsáveis. A coragem de Bilott e a resiliência das vítimas se tornam emblemas de uma luta maior: a busca pela verdade em um cenário onde o poder econômico frequentemente desafia a justiça.


Filme: O Preço da Verdade
Direção: Todd Haynes
Ano: 2019
Gênero: Thriller/Drama/Mistério/Biografia
Nota: 9