Inspirado em história real, comédia dramática com Al Pacino e Jennifer Garner é deliciosa história de reconexão e redenção, na Netflix Divulgação / Imagem Filmes

Inspirado em história real, comédia dramática com Al Pacino e Jennifer Garner é deliciosa história de reconexão e redenção, na Netflix

Dan Fogelman, conhecido por roteiros de grande sucesso como “Carros”, “Enrolados” e “Amor a Toda Prova”, trouxe seu talento à direção em apenas duas oportunidades no cinema. A primeira dessas experiências ocorreu com o longa de 2015 “Não Olhe Para Trás”, estrelado por Al Pacino e Christopher Plummer, que combinou humor, emoção e uma narrativa sobre o resgate de uma vida perdida em meio ao estrelato e ao egoísmo.

Inspirado por um episódio real envolvendo o músico Steve Tilston, que descobriu, 34 anos depois, ter recebido uma carta de John Lennon, Fogelman adaptou essa ideia para criar Danny Collins (Pacino), um cantor de sucesso dos anos 70. Embora sua carreira tenha sido marcada por performances de grande impacto, o artista nunca conseguiu emplacar suas próprias composições. A mudança em sua vida começa quando Frank Grubman (Plummer), seu fiel agente, presenteia-o com uma carta escrita por John Lennon décadas antes, incentivando-o a seguir um caminho mais autêntico.

Esse presente provoca em Danny uma reflexão sobre o rumo de sua carreira e vida pessoal. Cansado das frivolidades que marcaram sua trajetória — drogas, relacionamentos superficiais e a ausência de um legado genuíno —, ele decide mudar o curso. A primeira medida nessa nova fase é tentar se aproximar do filho que teve há 40 anos, Tom Donnelly (Bobby Cannavale), fruto de uma relação casual com uma fã. Tom nunca conheceu o pai e, vivendo uma vida tranquila em New Jersey, ao lado da esposa Samantha (Jennifer Garner) e da filha Hope, não demonstra interesse em qualquer tipo de reconciliação.

A distância entre os dois é evidente, marcada por ressentimentos acumulados e estilos de vida diametralmente opostos. Enquanto Danny é uma figura pública que se deslumbrou com os excessos do estrelato, Tom vive modestamente, lutando para sustentar a família e buscando colocar sua filha, diagnosticada com TDAH, em uma escola especial. Apesar da resistência inicial, Danny, determinado a corrigir seus erros e estabelecer laços com o filho, se hospeda em um hotel gerido por Mary Sinclair (Annette Bening), com quem inicia um relacionamento, e persiste em fazer parte da vida familiar recém-descoberta.

Ao longo da trama, Danny volta a compor, impulsionado pela redescoberta de sua paixão pela música. Sua jornada culmina em um show onde ele pretende apresentar uma nova canção, marcando o ponto de virada na narrativa: um homem que, em busca de redenção, tenta dar um novo significado à própria história, agora pautada por sinceridade e afeto.

A comédia, habilmente conduzida por Fogelman, é permeada de momentos que oscilam entre o cômico e o reflexivo. Al Pacino oferece uma interpretação envolvente, entregando um Danny Collins que é simultaneamente carismático e tragicômico, com toques de exagero que apenas reforçam seu charme. A trilha sonora, composta quase inteiramente por canções de John Lennon, confere ao filme uma atmosfera nostálgica, elevando as cenas e sublinhando os dilemas do protagonista.

“Não Olhe Para Trás” não é apenas uma história de redenção pessoal, mas uma celebração da vida, dos encontros e desencontros que a compõem. Ao acompanhar Danny em sua busca por um novo começo, o espectador ri, reflete e, em muitos momentos, se emociona com as lições que emergem do caos de uma existência complexa.


Filme: Não Olhe para Trás
Direção: Dan Fogelman
Ano: 2015
Gênero: Comédia/Drama/Musical
Nota: 9/10