Suspense surpreendente com Chace Crawford e Lily Collins que ficou por 4 semanas no Top 10 de 30 países, na Netflix Divulgação / Vertical Entertainment

Suspense surpreendente com Chace Crawford e Lily Collins que ficou por 4 semanas no Top 10 de 30 países, na Netflix

Famílias tradicionais, cercadas por poder e privilégios, costumam ser palco de mistérios e intrigas, e o filme “Herança”, dirigido por Vaughn Stein em 2020, explora exatamente esse terreno. Lily Collins dá vida a Lauren Monroe, uma promotora pública em Nova York, que dedica sua carreira à justiça, desafiando as expectativas de sua família abastada. Seu pai, Archer Monroe, interpretado por Patrick Warburton, um magnata das finanças, nunca escondeu sua insatisfação com o caminho escolhido pela filha.

Ele sonhava que Lauren aceitasse o posto em um conceituado escritório de advocacia, já garantido por ele, simbolizando o prestígio familiar. Entretanto, a escolha profissional de Lauren, aliada ao fato de ela ter se casado com um homem negro de origem humilde, aumenta a tensão familiar, principalmente quando comparada ao filho caçula, William (Chase Crawford), que ocupa uma posição de destaque como deputado e está em plena campanha de reeleição.

No entanto, o destino da família Monroe toma um rumo inesperado quando Lauren, durante uma coletiva de imprensa, recebe a notícia da morte repentina de seu pai. Ele sofreu um mal súbito ao volante. Desnorteada, ela interrompe suas atividades e corre para a mansão da família, uma propriedade isolada e imponente, repleta de histórias e segredos.

Após o funeral, a leitura do testamento traz à tona uma dinâmica familiar ainda mais complicada. Archer Monroe deixa para Lauren apenas 1 milhão de dólares, enquanto William recebe uma herança bem mais vultosa de 20 milhões. Mas o verdadeiro mistério surge quando Michael Beach (Harold Thewlis), o advogado da família, entrega à Lauren um envelope, contendo uma chave e um pen drive. No vídeo armazenado, Archer revela um segredo enterrado que muda drasticamente a percepção de Lauren sobre seu pai e o legado da família.

Seguindo as pistas deixadas por Archer, Lauren descobre um bunker escondido nos limites da propriedade, e dentro dele, algo inimaginável: um homem aprisionado há anos, em condições deploráveis. Magro, com barba e cabelo longos, o prisioneiro é um enigma que Archer manteve oculto por muito tempo. Abalada e confusa, Lauren inicialmente foge, mas sua determinação em desvendar o mistério a leva de volta ao bunker.

O homem misterioso, aos poucos, revela detalhes sombrios sobre o passado de Archer. A cada revelação, Lauren se vê forçada a reavaliar tudo o que acreditava saber sobre sua família. Agora, ela precisa tomar decisões difíceis sobre o destino do prisioneiro e as possíveis repercussões públicas, tentando proteger a reputação da família enquanto descobre os segredos mais obscuros de sua linhagem.

O roteiro de Matthew Kennedy, embora envolvente, apresenta falhas que comprometem a fluidez da narrativa. Muitos dos acontecimentos deixam lacunas que o filme não se esforça em preencher, apostando que o espectador os ignore. Isso gera questionamentos que prejudicam a imersão na trama. Contudo, o que falta em consistência é compensado pelo desempenho do elenco. Lily Collins e Simon Pegg, que interpreta o prisioneiro, conseguem dar profundidade a seus personagens, mantendo o interesse mesmo nas partes mais previsíveis da história.

Ainda que o roteiro tenha suas limitações, “Herança” oferece uma experiência de entretenimento satisfatória, especialmente para quem busca um suspense leve. O filme, disponível na Netflix, funciona bem como uma opção para preencher o tempo, sem grandes expectativas, mas com a capacidade de manter o espectador intrigado até o fim.


Filme: Herança
Direção: Vaughn Stein
Ano: 2020
Gênero: Drama/Mistério/Suspense
Nota: 8/10

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.