Último filme da franquia que faturou 13 bilhões e levou 459 milhões de pessoas aos cinemas está na Netflix Divulgação / Paramount Pictures

Último filme da franquia que faturou 13 bilhões e levou 459 milhões de pessoas aos cinemas está na Netflix

“Star Trek: Sem Fronteiras” é mais uma prova de que a magia está longe de fenecer. Entre 1966 e 1969, quando “Star Trek” foi exibida como série pela NBC, o mundo era outro. Entretanto, continuam a se observar aqui todos os fetiches imagético-discursivos de uma malograda incursão de terráqueos numa certa paragem da via Láctea, os mesmos que ainda fazem a cabeça de quem viveu aquela época — e de muita gente que não a viveu também. Justin Lin repete a trama do seriado da NBC, sem o frescor impactante das tramas escritas por Gene Roddenberry (1921-1991) e sua bem-azeitada equipe. O texto de Roddenberry era marcado por uma genuína curiosidade de conhecer, de esticar a corda e inventar outras leis da física se necessário, tudo na honesta tentativa de explicar, por exemplo, um possível êxodo cronológico, argumento que Lin continua sustentando sem dificuldade alguma.

Em 2263, a Enterprise explora a galáxia quando a Federação se depara com um inimigo misterioso. “Sem Fronteiras” abafa um pouco o eterno conflito entre o capitão James Kirk e Spock, seu primeiro oficial meio-vulcano, com Chris Pine e Zachary Quinto numa releitura digna das interpretações de William Shatner e Leonard Nimoy (1931-2015), para fixar-se em Balthazar M. Edison, ou apenas Krall, um ex-combatente das Operações do Comando de Assalto Militar da Terra Unida que agora procura vingança contra sua antiga casa. Sem pressa, o diretor encadeia as sequências de ação que levam ao desenvolvimento de cada um dos tipos excêntricos que singram a vastidão do universo. O roteiro de Doug Jung e Simon Pegg mira, com razão Idris Elba, mas acerta também o Leonard McCoy de Karl Urban, o Hikaru Sulu de John Cho ou o Pavel Chekov de Anton Yelchin, para não falar, claro, de Montgomery Scott, o engenheiro-chefe vivido pelo próprio Pegg. Espirituoso na justa proporção, Scotty é uma garantia de que o filme não vai degringolar para a metalinguagem ou para a autossátira, o que Matt Groening fez com a genialidade costumeira em “Os Simpsons” e “Futurama”.

Elementos colaterais a exemplo da trilha sonora são alguns dos trunfos que mantêm o público aceso, e a trilha sonora de Michael Giacchino, claro, catalisa um turbilhão de sentimentos diversos, mas que se complementam, gatilho para o estranho saudosismo que acomete plateias de ontem e de hoje. Vida longa e próspera a “Star Trek”.


Filme: Star Trek: Sem Fronteiras
Direção: Justin Lin
Ano: 2016
Gêneros: Ação/Ficção científica
Nota: 8/10