Melhor programa para seu domingo: comédia leve e relaxante com Rachel McAdams, na Netflix Divulgação / Paramount Pictures

Melhor programa para seu domingo: comédia leve e relaxante com Rachel McAdams, na Netflix

Nos últimos quinze anos, os filmes que exploram os bastidores da televisão, especificamente a dinâmica e as tensões de programas jornalísticos, estabeleceram-se como um subgênero por si só. Para quem é fascinado pelo universo jornalístico, tramas como a de “Uma Manhã Gloriosa” oferecem um banquete. O filme, dirigido por Roger Michell (1956-2021), aborda temas importantes com leveza e humor, apresentando os conflitos de maneira fluida e natural, sem a pretensão de mergulhar em profundidade excessiva.

Diferentemente de produções aclamadas que tratam de temas específicos com intensidade, como “Um Lindo Dia na Vizinhança”, de Marielle Heller, ou “O Escândalo”, de Jay Roach, ambos lançados em 2019, ou ainda obras mais antigas e perspicazes como “Nos Bastidores da Notícia” (1987), de James L. Brooks, “Uma Manhã Gloriosa” adota um tom mais leve, quase como uma competição lúdica. A protagonista, uma produtora de TV, enfrenta demissões, mudanças de emprego e desafios intensos, escalando os degraus do sucesso profissional enquanto sua vida pessoal desmorona. A pergunta que surge inevitavelmente ao público é: até quando ela conseguirá sustentar esse ritmo?

Becky Fuller é incansável e acredita que não há nada de errado nisso. Seu objetivo é alcançar o posto de produtora executiva de um telejornal matinal em uma emissora de alta audiência, e só então, quem sabe, encontrar tempo para explorar sua vida amorosa ou ignorar as ligações frequentes de um chefe exigente, talvez sem perceber que, ao alcançar esse ponto, pode ser tarde demais. Becky inicia sua rotina às 1h30, chega ao escritório meia hora depois e já começa a orquestrar o dia: contatando repórteres e âncoras, revisando agendas e planejando as pautas da próxima edição. Tudo parecia sob controle, até que sua realidade vira de cabeça para baixo.

A roteirista Aline Brosh McKenna, conhecida por seu trabalho em “O Diabo Veste Prada” (2006), de David Frankel, demonstra sua habilidade ao explorar as múltiplas nuances da vida de uma mulher jovem, ambiciosa e bonita, enfrentando dificuldades profissionais que a deixam cada vez mais sobrecarregada. A demissão de Becky a leva a embarcar numa balsa de Nova Jersey para Manhattan, onde ela assume a mesma função, mas agora em uma emissora rival, marcada por sérios problemas administrativos que afetam, previsivelmente, sua audiência. Após uma entrevista turbulenta com Jerry Barnes, o editor-chefe interpretado por Jeff Goldblum, Becky é contratada para encarar um novo desafio.

Rachel McAdams se destaca no papel de personagens femininas românticas e determinadas, mesmo que Becky, em particular, aceite sua condição de solteira contanto que sua carreira permaneça nos trilhos. Michell explora o roteiro de McKenna com precisão, destacando momentos em que a determinação da protagonista é incontestável. Logo no primeiro ato, o embate com Mike Pomeroy, o âncora desiludido interpretado por Harrison Ford, gera um debate relevante sobre a superficialidade do jornalismo televisivo contemporâneo, um fenômeno que se dissemina globalmente em questão de segundos.


Filme: Uma Manhã Gloriosa
Direção: Roger Michell
Ano: 2010
Gêneros: Comédia/Drama 
Nota: 8/10