Suspense dirigido por um dos estilistas de moda mais famosos do mundo concorreu a 153 prêmios, incluindo o Oscar, e está na Netflix Divulgação / Upi

Suspense dirigido por um dos estilistas de moda mais famosos do mundo concorreu a 153 prêmios, incluindo o Oscar, e está na Netflix

Tom Ford, estilista de renome internacional, fundou a grife que leva seu nome após uma notável carreira em casas de alta-costura como Gucci e Saint Laurent. Em 2009, Ford decidiu explorar novos horizontes e estreou no cinema com o filme “Direito de Amar”. O drama, estrelado por Colin Firth, Matthew Goode e Julianne Moore, foi altamente aclamado pela crítica e recebeu uma indicação ao Oscar, marcando uma estreia promissora para Ford na indústria cinematográfica.

Motivado por essa recepção positiva, Ford continuou sua jornada na Sétima Arte com o thriller psicológico “Animais Noturnos”, lançado em 2016. O filme, também bem-recebido, trouxe uma indicação ao Oscar de melhor ator coadjuvante para Michael Shannon e garantiu a vitória de Aaron Taylor-Johnson na mesma categoria no Globo de Ouro.

A narrativa de “Animais Noturnos” se inicia com Susan (Amy Adams), uma galerista que, após muitos anos sem contato, recebe um manuscrito de seu ex-marido, Edward (Jake Gyllenhaal). O casal havia se separado há 19 anos, e Susan, atualmente em um casamento distante com Hutton (Armie Hammer), se vê imersa em uma leitura solitária durante a madrugada. O título do livro, “Animais Noturnos”, faz alusão ao apelido que Edward usava para se referir a ela devido à sua insônia. No bilhete que acompanha o manuscrito, Edward menciona que a história foi escrita com inspiração em Susan, tocando seu coração.

Conforme avança na leitura, Susan é confrontada com lembranças de seu passado ao lado de Edward. Ela se recorda de seu envolvimento amoroso com ele, de quando ambos, ainda jovens, desafiaram a oposição de sua mãe (Laura Linney) e se casaram. Na época, ela estudava artes e ele literatura, mas, ao longo do tempo, Susan sentiu que a falta de ambição e talento de Edward prejudicou a admiração que sentia por ele. Com o passar dos anos e o esfriamento do relacionamento, ela acabou conhecendo Hutton, por quem decidiu deixar Edward.

Ao reler o manuscrito de Edward, agora muitos anos depois, Susan percebe que ele possui, de fato, um talento literário que antes ela havia subestimado. No entanto, a história contada na obra a impacta profundamente, abalando suas emoções.

O filme, adaptado do livro “Tony e Susan” de Austin Wright, traça um paralelo entre a narrativa escrita por Edward e a relação que ele teve com Susan, que é retratada como uma figura egocêntrica e narcisista. Na história do livro, um crime brutal é cometido contra uma família em uma estrada isolada, e a tragédia parece refletir os sentimentos de destruição que Edward experimentou com o fim do casamento. Tony, o protagonista da história de Edward, busca justiça contra seus agressores, assim como o autor do livro almeja, de maneira indireta, um acerto de contas com sua ex-esposa.

Ao utilizar a ficção para confrontar os fantasmas de seu passado, Edward elabora uma espécie de vingança literária. Na trama do livro, ele elimina simbolicamente a figura que representa Susan, enquanto na vida real, ele opta por exibir seu talento, demonstrando que, ao contrário do que ela pensava, ele é um escritor habilidoso. Dessa forma, ao mexer com o orgulho de Susan, Edward consegue sua revanche. O espectador acompanha essa narrativa intensa em um filme que combina elementos provocativos com uma estética refinada, trabalhada pelo diretor de fotografia Seamus McGarvey, que aposta em uma atmosfera neo-noir para compor o visual do longa.


Filme: Animais Noturnos
Direção: Tom Ford
Ano: 2016
Gênero: Drama/Suspense
Nota: 9/10