Eleito um dos filmes do século: um dos maiores romances da história do cinema está na Netflix Divulgação / Focus Features

Eleito um dos filmes do século: um dos maiores romances da história do cinema está na Netflix

Vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Original e indicado a três outras categorias importantes, “Encontros e Desencontros” é um marco dirigido por Sofia Coppola, que se tornou a primeira mulher a conquistar tantas indicações em um mesmo ano. Com um orçamento modesto de 4 milhões de dólares e filmagens concluídas em apenas 27 dias, o longa foi um sucesso inesperado, arrecadando cerca de 120 milhões mundialmente.

Para Coppola, este projeto tinha um valor pessoal, levando-a a optar por câmeras analógicas, em contraste com os conselhos de seu pai, Francis Ford Coppola. Ela acreditava que essa escolha daria ao filme uma aura mais romântica, ainda que menos tecnológica. A narrativa foi inspirada em sua própria vivência, refletindo um período turbulento de sua vida matrimonial com Spike Jonze, outro renomado cineasta.

Scarlett Johansson dá vida a Charlotte, uma jovem casada que acompanha o marido John, um diretor de videoclipes interpretado por Giovanni Ribisi, em uma viagem de trabalho a Tóquio. A ausência emocional de John, que está imerso em compromissos profissionais, deixa Charlotte perdida em meio à imensidão de uma cultura estranha e distante. É nesse cenário que ela conhece Bob Harris, interpretado por Bill Murray, um ator que se encontra no Japão para filmar um comercial de uísque.

A relação entre Charlotte e Bob transcende qualquer estereótipo de romance tradicional. A conexão que compartilham não é de natureza física, mas sim emocional, algo que vai além de palavras e expressões. O título “Lost in Translation” encapsula bem essa ideia, destacando como, em um mundo de idiomas e significados díspares, o que realmente importa é a conexão entre as pessoas.

O longa trata, acima de tudo, de intimidade e de como às vezes estranhos podem enxergar nossa alma com mais clareza do que aqueles com quem dividimos a vida. Enquanto Coppola usou o filme para refletir seu próprio momento pessoal, o relacionamento com Jonze também foi revisitado por ele anos depois, no filme “Ela”, onde Scarlett Johansson também tem um papel crucial.

A estética do filme foi minuciosamente pensada por Coppola, que preparou um livro de referências fotográficas para guiar a direção de arte e o estilo visual. As imagens capturadas de maneira espontânea, quase como em um documentário, dão ao filme um tom de realismo delicado. Essa abordagem de filmagem clandestina, como as cenas gravadas sem autorização no metrô, reforça a sensação de autenticidade.

Com um espírito indie e uma narrativa introspectiva, o filme nos conquista pela simplicidade emocional. Ao contrário da superprodução “Maria Antonieta”, também de Coppola, “Encontros e Desencontros” aposta na sutileza. Através de atuações comoventes e diálogos profundos, o filme constrói uma ponte entre o drama e a comédia, tornando-se uma obra única em sua essência.


Filme: Encontros e Desencontros
Direção: Sofia Coppola
Ano: 2003
Gênero: Drama/Comédia
Nota: 10/10