Em torno dos 70 anos, muitos acreditam que as grandes fases da vida já foram superadas e que poucas surpresas restam. As experiências acumuladas incluem casamentos, criação de filhos e carreiras concluídas. Aposentados, muitos consideram que o ciclo de descobertas e paixões chegou ao fim. Contudo, essa visão vem sendo gradualmente desafiada, pois a idade avançada pode, sim, trazer novas experiências, revelações pessoais e até mesmo a chance de reencontrar o amor.
Hoje, rejeitamos cada vez mais a concepção de que envelhecer é sinônimo de declínio. Embora a juventude represente vigor e incertezas, a velhice oferece maturidade e uma profunda autocompreensão. O passar dos anos pode não apenas nos libertar de expectativas externas, mas nos proporcionar uma confiança inabalável, onde a necessidade de se provar aos outros já foi superada. Envelhecer pode ser um período de descobertas, não de perda.
O filme “Reaprendendo a Amar” traz à tona essa perspectiva ao narrar a vida de Carol Petersen (Blythe Danner), uma viúva solitária que vive em uma edícula, cercada por uma rotina monótona, limitada ao convívio com seu cachorro e ao vinho que toma em casa. Sua filha, Katherine (Malin Akerman), mora longe, e a vida de Carol parece estar estagnada. Até que um incidente inesperado quebra essa quietude.
Uma noite, uma ratazana invade a casa de Carol, obrigando-a a dormir no jardim. Na manhã seguinte, Lloyd (Martin Starr), o jovem limpador de piscinas, a encontra do lado de fora e, assustado, pensa que ela está morta. Após o susto inicial, Carol pede ajuda para se livrar do roedor, e a conexão entre ela e Lloyd começa a se formar. Ele, um rapaz sem grandes ambições, voltou a morar com a mãe para cuidar dela durante uma crise de saúde. Carol, por sua vez, começa a ver em Lloyd uma inesperada fonte de companhia e diversão, levando-a a explorar novas formas de interação e até mesmo um possível romance, apesar da diferença de idade.
No entanto, a vida de Carol toma outro rumo quando ela conhece Bill (Sam Elliott), um charmoso viúvo que ela encontra em uma farmácia. Logo, ele a convida para sair, e os dois iniciam um relacionamento envolvente, recheado de momentos prazerosos, como jantares a bordo de um iate. Bill traz de volta à vida de Carol emoções que ela julgava perdidas para sempre, redescobrindo o prazer do romance e da intimidade.
“Reaprendendo a Amar”, dirigido e coescrito por Brett Haley, revela, de maneira sensível, que o fluxo da vida não cessa enquanto estamos vivos. A trama explora a capacidade humana de se reinventar e acolher novos desafios, mesmo em fases onde muitos acreditam que o melhor já passou. O filme nos convida a refletir sobre como a vida continua a nos surpreender, e sobre a inevitável renovação que o tempo traz.
As interpretações impecáveis de Blythe Danner e Sam Elliott não passam despercebidas. A química entre eles é vibrante e suas atuações ressoam com uma profundidade emocional que transcende as telas. “Reaprendendo a Amar” é mais do que um simples romance na terceira idade; é um convite à reflexão sobre o tempo, o amor e as incontáveis formas de encontrar sentido, independentemente da fase da vida. Um filme que aquece o coração e faz pensar sobre a infinita capacidade humana de sentir, aprender e se transformar.
Filme: Reaprendendo a Amar
Direção: Brett Hanley
Ano: 2015
Gênero: Comédia/Drama/Romance
Nota: 8/10